Pelo menos oito restaurantes de Curitiba já foram vítimas - ou quase vítimas - de golpistas que tentam passar dólar falso para frente na capital. Aplicada por um casal formado por uma brasileira e um homem estrangeiro, a artimanha consiste em ambos consumirem no local e tentarem pagar com uma cédula falsificada de 100 dólares - usada para obter troco em reais. O caso veio à tona no início deste mês, após ter acontecido em estabelecimentos conhecidos da cidade, mas há registros de estar acontecendo há pelo menos dois anos.
Bem vestidos, ostentando maços de dinheiro (ainda que falso) e agindo de maneira educada, o casal chega ao estabelecimento como clientes como quaisquer outros. “Eles consumiram tudo do bom e do melhor no bar, beberam garrafa de vinho, e depois disseram que só tinham dólar para pagar”, lembra Marcelo Toshio, proprietário do bar Jabuti, no bairro Água Verde. Após o homem mostrar a nota, Toshio não desconfiou que não era verdadeira, e acabou aceitando para ajudar. “Foi só quando eu cheguei na casa de câmbio, para trocar, que descobri que não era verdadeira. Ainda bem que eu não tinha aceitado trocar outras notas por reais, como ele me propôs depois”, conta.
Saiba o que fazer em tentativas de golpe com dinheiro falso
A situação aconteceu em 2016, e desde então o comerciante nunca mais ouviu falar da dupla - até que uma colega, gerente de outro restaurante, denunciou um caso similar em um grupo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Whatsapp. “Foi no dia 12 [de maio]. Eles fizeram pratos de cerca de 800 gramas, cada um, com a conta totalizando em R$ 92”, calcula Izabel Rocha, gerente do restaurante Cores de Frida, na Rua Itupava. Além das refeições, o homem encheu as mãos com mais de 20 chocolates à venda no balcão do local. Izabel, porém, não aceitou a nota de cem dólares oferecida como pagamento, porque achou a cédula um pouco maior do que o normal, e pediu para que os dois voltassem em outro momento para acertar a conta. “Ele tirou um maço daquelas notas do bolso, e falava um português com sotaque, mas não falou sobre a nacionalidade. A mulher, enquanto isso, ficou quieta”, descreve Izabel. Os dois, é claro, não voltaram para acertar a pendência até então.
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Já no restaurante Limoeiro, que fica no bairro Jardim Social, o homem estrangeiro apareceu sozinho, na primeira semana de maio. Segundo o proprietário, Divaldo Maciel, desta vez o homem perguntou se o restaurante aceitava dólares antes de consumir: “Não chegamos a cair no golpe porque o funcionário que estava no caixa me ligou para perguntar se poderia receber a cédula, já que nunca tinha acontecido isso por aqui”. Após a recusa, escolhida por desconfiança da veracidade da nota, mas justificada ao suposto cliente como falta de troco, o estrangeiro foi embora do local, e em nenhum momento chegou a causar confusão.
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Membro do conselho da Abrasel, Maciel explica que vez ou outra acontecem golpes em restaurantes, mas que geralmente isso não se dá de maneira constante. Além disso, Curitiba tem pelo menos três mil restaurantes, dos quais cerca de 350 participam da Abrasel. “Então apesar de termos divulgado em nosso grupo, é importante que todos os outros estabelecimentos da cidade fiquem alerta para não caírem nessa”, alerta.
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Nos três restaurantes citados pela reportagem, e em pelo menos outros cinco, os proprietários confirmaram se tratar do mesmo casal por meio do compartilhamento de imagens das câmeras de segurança no grupo da Abrasel. Nenhum dos entrevistados, porém, chegou a fazer Boletim de Ocorrência (BO). A Polícia Militar (PM) ressalta a necessidade das vítimas registrarem esses casos, já que, até então, não consta nenhuma situação similar no banco de dados da corporação - o que é necessário para o planejamento de ações e identificação da demanda.
O que fazer
Ao passar por alguma tentativa de recebimento de dinheiro falso, seja real ou dólar, a orientação da PM é entrar em contato por meio do telefone 190. Caso o comerciante perceba somente após o crime acontecido, que se trata de dinheiro falso, deve procurar uma Delegacia de Polícia Civil e registrar o BO.
Para quem quer se prevenir de cair em roubadas assim, a PM indica alguns cuidados antes de aceitar notas. É importante sentir a espessura e a textura do papel, relevos, os números de série que são impressos no dinheiro, as imagens impressas que são padrão (ver se não estão borradas ou ilegíveis) e as marcas d’água (podem ser vistas quando a nota é colocada contra a luz), entre outras características que podem ser consultadas nos portais oficiais das moedas.
É importante também que os comerciantes atentem principalmente para notas de alto valor. “Geralmente, em casos de golpe, os criminosos podem procurar os comerciantes com notas de valor alto com o intuito de trocar as notas para obter dinheiro verdadeiro”, explica o porta-voz da PM, tenente Rafael Bittencourt.
O crime de falsificação de moeda está previsto no Código Penal, art. 289, sendo que a pena pode variar de 03 anos a 12 anos de reclusão. “É importante o acionamento da PM para a coleta de informações junto aos comerciantes ou ao cidadão que foram vítimas do crime e para o devido encaminhamento dos suspeitos [caso sejam localizados] à Polícia Judiciária, a qual compete às providências nestes casos”, esclarece o tenente.
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