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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo

Além dos conhecidos riscos de afogamento e insolação, a temporada nas praias do Paraná tem outro perigo, mas que geralmente é menos comentado: os raios. As cidades litorâneas costumam ter um número alto de descargas elétricas em comparação a outras regiões do estado. Foram mais de 700 mil descargas no Litoral entre janeiro de 1997 e dezembro de 2015 - o que leva a uma média de quase 37 mil por ano. E de todos os municípios dessa região, Guaratuba foi o mais atingido, com 19,8% das ocorrências.

Veja o ranking das cinco cidades com mais incidência de raios no Litoral do PR

As informações são de um estudo desenvolvido em 2017 pelo Grupo de Pesquisa em Fenômenos da Eletricidade Atmosférica (FEA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Feita em parceria com o Instituto Simepar, a pesquisa avaliou os 19 anos de dados das cidades litorâneas e chegou a uma média para cada local.

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“Toda a região Leste do Paraná costuma ter muitos raios, mas no Litoral se torna bem perigoso porque tem muita gente que acaba ficando desprotegida durante as tempestades”, explica o físico Armando Heilmann, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do FEA. Quem fica na areia da praia durante uma descarga, por exemplo, corre muitos riscos - foi justamente o que levou um homem à morte em fevereiro de 2017, quando uma descarga elétrica o atingiu na praia em Matinhos.

De acordo com o professor, não adianta se esconder embaixo do guarda-sol para se proteger dos raios: “O guarda-sol pode inclusive influenciar a probabilidade de um raio de cair ali. O certo é sair de qualquer lugar aberto e se proteger dentro de carros ou residências”, alerta Heilmann. Mas, se escolher entrar em um carro, ele precisa ser totalmente fechado - conversíveis não conseguem proteger os passageiros das descargas.

Também não adianta apenas sair debaixo do guarda-sol. “Quem estiver na areia pode levar um choque grave mesmo estando a 50 ou 100 metros de distância do ponto de descarga. Só começa a ficar mais seguro com distâncias superiores a 150 metros”, explica o professor. As consequências de um choque, enquanto isso, vão desde aumento da pressão arterial e queimaduras leves à parada cardíaca e queimaduras graves.

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Atenção ao barulho

Para evitar os perigos de ser atingido por um raio, a atitude mais importante é estar atento ao barulho do céu. Isso porque antes de todo raio, há um trovão. “Assim que o trovão for ouvido, é preciso sair de qualquer área aberta e procurar abrigo”, orienta Heilmann, que indica que seja adotado um procedimento chamado de 30/30. “O ideal é sair do local desprotegido em 30 segundos, e ficar em algum abrigo até ver o raio ou, caso não consiga enxergá-lo, esperar 30 minutos antes de voltar ao local descoberto”.

Janeiro, o mês dos raios

Segundo Heilmann, o mês de janeiro tem uma tendência de ter mais raios por causa das tempestades de verão. De acordo com o professor, tudo começa com o forte calor na superfície ao longo do dia durante esta época. Isso faz com que a atmosfera tenha mais umidade, que se transforma em nuvens carregadas. Na nuvem, as gotas de água se movimentam, gerando atrito entre si e deixando a nuvem eletrificada. “Por isso, quanto mais alta a temperatura, mais raios durante a tempestade”, resume o professor.

Ranking

Segundo o meteorologista Marco Antonio Rodrigues Jusevicius, representante do Simepar na Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Elétricas (Rindat), a área litorânea tem melhores condições para formação de nuvens, o que aumenta a probabilidade de raios. Umidade, calor e o desnível da serra, explica, facilitam não só a formação de nuvens, mas também as intensificam. Veja as cinco cidades do Litoral com maior número de raios entre janeiro de 1997 e dezembro de 2015, de acordo com pesquisa do FEA:

Guaratuba: 19,8% - o que corresponde a aproximadamente 138,6 mil raios no período;

Antonina: 15,5% - o que corresponde a aproximadamente 108,5 mil raios no período;

Paranaguá: 13,3% - o que corresponde a aproximadamente 93,1 mil raios no período;

Morretes: 9,9% - o que corresponde a aproximadamente 69,3 mil raios no período;

Matinhos e Pontal do Paraná: 4,7% - o que corresponde a aproximadamente 32,9 mil raios no período.

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