A onda de crimes nos cemitérios de Curitiba forçou a Guarda Municipal (GM) a pôr em prática um plano de ação para combater os furtos e violações de túmulos. Diante do aumento de furtos de placas, assaltos a frequentadores e até mesmo do desaparecimento de corpos — como o de uma menina de apenas um ano na última semana — nos cemitérios municipais São Francisco de Paula, Água Verde e Boqueirão, foi anunciada uma série de medidas para reforçar a segurança, desde o reforço do efetivo até a limitação de entrada de pessoas.
De acordo com o diretor da GM, Odgar Nunes Cardoso, a primeira medida será justamente colocar mais guardas para cuidar da segurança dos cemitérios. Cerca de 60 agentes que cuidavam dos Armazéns da Família serão realocados para patrulharem não só os cemitérios mas também parques e praças que apresentam níveis preocupantes de violência.
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O principal problema está justamente na facilidade com que os criminosos conseguem entrar e violar os túmulos. “A droga tomou conta da cidade e o cemitério é um caixa rápido de metal precioso”, afirma Cardoso. “Tem muito metal, como bronze, e por isso se transformou em alvo”, completa.
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A mudança passa a valer já na próxima semana. “No Cemitério Municipal [São Francisco de Paula, no Centro], já temos a GM fixa. O que vamos fazer é reforçar a segurança à noite com uma viatura que vai fazer plantão junto com os guardas”, explica Cardoso. “No Água Verde, provisoriamente, colocamos um módulo móvel e uma viatura fazendo o patrulhamento externo. A partir do dia 3, vai ter também guarda 24h dentro do cemitério”, informa.
No caso do Água Verde, o reforço da GM acontece após reportagem da Gazeta do Povo mostrar que o nível de violência era tamanho que a própria administração do cemitério orientava as famílias a não velarem seus entes de noite pela possibilidade de assaltos e arrastões. Para piorar, 18 luminárias da área externa do cemitério foram furtadas.
Já no Boqueirão, onde o corpo de uma menina de um ano e um mês foi levado na última sexta-feira (22), o diretor da GM afirma que haverá reforço no período noturno. Atualmente, o cemitério conta apenas com uma viatura para a ronda.
Cardoso enfatiza que a realocação do efetivo dos Armazéns da Família para os cemitérios é uma saída temporária e que deve mudar com a efetivação de mais 60 guardas aprovados em concurso, o que deve acontecer a partir da segunda metade de setembro.
Portas fechadas
Entre outras soluções estudadas pela GM para os cemitérios municipais estão o aumento da altura dos muros, instalação de arame farpado e o fechamento de algumas entradas. Tudo para ter um maior controle de quem entra e sai, já que a grande quantidade de acessos dificulta a ação dos guardas. No entanto, essa solução ainda esbarra em alguns problemas.
Em relação aos acessos, o diretor da Guarda comenta que restrição de entradas já foram tomadas no passado e rechaçadas pela população, acostumada a usar o cemitério como atalho dentro dos bairros. “Temos que conscientizar as pessoas sobre isso. Hoje, a maioria dos cemitérios tem entre seis e sete entradas. Não tem como controlar”, diz.
Sobre a possibilidade de serem instaladas câmeras de segurança nos cemitérios municipais, o diretor da GM explica que isso está contemplado no projeto da muralha digital proposta pelo prefeito Rafael Greca (PMN) no início do ano. “Só que isso não é para agora. É uma proposta de médio e longo prazo”, aponta Cardoso.
“Caixa rápido” do crime
Segundo a Guarda Municipal, as mudanças não foram propostas apenas por causa do desaparecimento do corpo do bebê semana passada, mas o episódio influenciou. O diretor explica que essas medidas já vinham sendo discutidas desde o início do ano, mas que a onda recente de crimes dentro dos cemitérios acelerou a sua execução. “Esse caso ajudou a tomar uma decisão mais rápida. São vários furtos dentro de cemitérios e nós temos essa preocupação com a segurança nesses locais, então temos que tomar uma medida de imediato”.
Somente em junho, a GM prendeu três homens que roubaram 54 placas de bronze dos túmulos dos cemitérios do Água Verde, São Francisco de Paula e Boqueirão. A estimativa da prefeitura é de que cada peça valha entre R$ 180 e R$ 500 no mercado negro.
“Se alguém rouba, é porque tem quem compra. Semana passada, fechamos um ferro velho clandestino no Parolim que estava comprando luminárias roubadas da Linha Verde. Estamos trabalhando em conjunto com a Polícia Militar para identificar esses receptadores”, explica Cardoso.
Por isso, o diretor da GM destaca a importância de a própria comunidade denunciar tanto crimes no cemitério quanto a compra de materiais furtados. “Basta ligar para o 153. A nossa equipe fica de plantão e é muito importante a população ligar”, conclui.
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