
Viveu cercado de grandes telas, de tintas e de pessoas queridas. E isso estava refletido até no apartamento em que morava, em São Paulo. Lá, ateliê e moradia se fundiram para criar o espaço ideal para que o artista plástico curitibano Marcelo Paciornik expressasse sua personalidade e sua arte, criando e expondo peças únicas enquanto recebia amigos e admiradores de seu trabalho. Marcelo tinha 49 anos quando faleceu, no último dia 27 de março, em decorrência de complicações de uma gripe H1N1.
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O gosto pela arte vem de cedo. A família guarda recordações de pequenos quadros pintados por ele desde os 12 ou 13 anos. Sua primeira professora foi a artista plástica Lelia Brown, com quem ele conheceu diversas escolas, entre elas o Surrealismo. Apaixonado por Salvador Dalí, teve o início da jornada como artista influenciado pelo movimento.
Graduado em Comunicação Visual pela UFPR em 1994, concluiu pós-graduações em Fotografia e História da Arte pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Além de ter feito cursos e pesquisas na Inglaterra e em Nova York, onde também expôs suas obras. “Ele sempre foi um amante da arte, e a defendia com unhas e dentes”, relata o irmão Rodrigo Paciornik, músico.
Com os estudos e a própria trajetória de vida, seu trabalho foi amadurecendo e passando por diferentes fases. Teve a época em que se concentrou em retratos, outra mais abstrata, mas uma característica se manteve: a de produzir obras expressivas, marcantes e de peso. As telas vivas que chegavam a ocupar uma parede inteira diziam muito sobre quem era Marcelo. “A gente [a família] acha que isso reflete a intensidade dele. Ele sentia e vivia cada fase da vida dele e isso aparece nas obras”, conta Rodrigo.
Além das exposições e mostras que montou e participou, Marcelo tem dois livros publicados. Um deles, “O mago de prata”, foi feito para ser lido acompanhado de uma trilha sonora específica, lançada junto com a publicação. Tudo para que o leitor/ouvinte tivesse a experiência completa como ele havia planejado. Seu estilo de ficção levava a influência do que gostava de consumir em leituras, como o mundo imaginado por J.R.R. Tolkien em “O Senhor dos Anéis”. As referências pop também apareceram em algumas fases como pintor, retratando personagens globalmente conhecidos, como Darth Vader e Wolverine.
Apesar da origem curitibana, vivia há cerca de 20 anos em São Paulo, onde fez de seu apartamento/ateliê um centro de trabalho, criatividade e diversão. Carismático, amava receber amigos, amigos de amigos e pessoas que quisessem conhecer seu trabalho. Assim, o local acabava sendo um ponto de encontro de artistas. “Ele sempre foi um cara do bem, essa é uma das principais características dele: aceitar todo mundo do jeito que é, e receber todos bem”, lembra Rodrigo.
Produzia imagens não apenas com pincel e telas. Gostava de fotografia e chegou a ter uma delas exposta no Museu do Louvre, em Paris. Nas horas vagas, ganhava velocidade a bordo de uma bicicleta ou até de uma moto de motocross. Amava a boemia, as noites e madrugadas e o mar. No verão, recarregava as energias ao passar semanas na praia com a família em Balneário Camboriú (SC).
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