Pelo menos dez hotéis de Curitiba e de cidades da região metropolitana estão fechados temporariamente por causa da pandemia de coronavírus. A crise chega justamente quando o setor vinha apresentando recuperação nos números e ainda pode fazer com que mais hotéis fechem por falta de hóspedes. Principalmente pelos cancelamentos de reservas do turismo de negócios – Curitiba é uma das cidades referência nesse modelo.
Segundo o Curitiba e Região Convention e Visitors Bureau (CCVB), entidade sem fins lucrativos que trabalha no fortalecimento do turismo e negócios, há risco de alguns estabelecimentos fecharam definitivamente. Para tentar evitar que isso ocorra, empresários hoteleiros cobram medidas aos governos estadual e municipal. Entre elas, a redução de impostos.
De acordo com Paulo Iglesias, presidente do CCVB e vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Paraná (ABIH), o cálculo do prejuízo no setor ainda não foi feito. Mas ele não esconde a preocupação, já que o futuro vai depender de quanto tempo dure a pandemia. Afinal, é provável que a hotelaria seja um dos últimos setores a retomar as atividades normais. “Se até o fim de maio o problema estiver resolvido, estamos falando de dois meses de ocupação muito baixa ou quase zerada, com mais alguns meses para normalização”, aponta Iglesias, que também está com o seu hotel fechado.
Demissões
Outro problema é o risco de demissões. Para evitar que elas ocorram em massa, o setor espera providências do governo, como a redução dos salários e as garantias do seguro desemprego. “Estas são medidas muito importantes, mas a hotelaria precisará de mais”, enfatiza Iglesias.
Segundo ele, no âmbito municipal, os empresários buscam carência no pagamento de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). No âmbito estadual, o alívio precisa ser para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
“Não seria a isenção no pagamento, mas pagamento parcelado para quando a situação voltasse à normalidade. Mesmo com essas medidas, infelizmente há a possibilidade de demissões” afirma o presidente da CCVB.
Adiamento de reservas
A boa notícia, pela previsão de Iglesias, é que muitas reservas estão sendo remarcadas. Eventos que aconteceriam agora estão sendo remarcados para o segundo semestre ou para 2021. Significa que as reservas efetuadas serão mantidas.
“As remarcações dependerão da disponibilidade, mas os hotéis se esforçarão para atender a todos. Se eventualmente um estabelecimento não tiver disponibilidade, tentaremos remarcar em outro hotel”, explica.
O presidente do CCVB diz que a hotelaria do Paraná estava em um movimento crescente muito positivo, mas a pandemia do coronavírus chegou de surpresa e obrigou todos a repensar valores, processos e formatos de trabalho. “Ainda que esta crise traga incertezas, desmarcações e reagendamentos, penso que devemos tentar olhar pelo viés positivo e ter a certeza de que o setor sairá muito mais fortalecido e unido desta situação”, reflete.
Para combater o coronavírus, nos hotéis que estão em atividade todos os funcionários foram informados sobre cuidados com higiene e prevenção. Foram implantados informativos em várias áreas, além da disposição de álcool gel (70%) e da manutenção constante dos ambientes bem ventilados.
Hotéis para a Saúde
A prefeitura de Curitiba está em processo de finalização da contratação da reserva de dois hotéis inteiros destinados aos profissionais municipais da Saúde, diminuindo o risco de transmissão. Os locais já foram pré-selecionados e devem estar disponíveis na semana que vem.
De acordo com a secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, as vagas dos hotéis serão destinadas a profissionais que convivem com familiares de grupos de risco e têm dificuldade de fazer isolamento. Profissionais que entrarem para a lista de casos suspeitos também poderão ocupar as vagas para fazer quarentena.
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