O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) proibiu a captura do macaco bugio que atacou um bebê em Araucária, na região de Curitiba, semana passada. A pedido da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Araucária (SMMA), uma equipe da Polícia Ambiental/Força Verde da Polícia Militar já estava mobilizada para a operação nesta segunda-feira (19), quando o órgão estadual determinou que se cancelasse a busca.
“Estávamos com a Força Verde já na secretaria, mas o IAP cancelou a retirada do animal dizendo que não tínhamos autorização”, explica o diretor da SMMA, Bruno Tonel Ostuka.
- Vídeo - assista o macaco bugio entrando em um dos apartamentos em Araucária
O animal da espécie bugio, um dos maiores primatas do Brasil, era visto nas sacadas do condomínio com frequência e invadiu na última quarta-feira (14) um dos apartamentos, onde agrediu com mordidas uma menina de um ano e dez meses. Ela sofreu corte profundo na cabeça, em que o crânio ficou exposto. Internada no Hospital do Trabalhador em Curitiba, a criança passou por cirurgia para reconstituir o couro cabeludo e deve receber alta nesta segunda.
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato direto com a diretora do IAP, Edilaine Vieira, que informou não ter recebido nenhuma solicitação formal de captura do macaco. “E mesmo se tivéssemos recebido não poderíamos autorizar nada porque essa responsabilidade é do Ibama”, afirmou, passando a responsabilidade para o órgão federal.
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Em nota emitida semana passada, o órgão estadual enfatiza que não faz captura de animais silvestres. “O IAP é responsável pelo recebimento, tratamento e destinação adequada dele [animal apreendido]”, afirma o instituto. Por isso, segundo o IAP, o próprio condomínio é quem deveria ter contratado um biólogo para retirar o animal e encaminhá-lo ao órgão, mesmo se tratando de um animal silvestre.
O síndico do condomínio onde o macaco atacou a criança, Ed Dimas da Cunha, discorda da diretora do IAP de que o caso não foi notificado. Tanto ele, quanto o pai da criança, o comerciante Fernando Henrique Balardim, alegam ter procurado não só o IAP como o próprio Ibama antes do ataque ao bebê. Para Cunha, a desistência da captura reflete mais uma vez a ineficiência dos órgãos ambientais. Segundo o síndico, o IAP chegou a dar a orientação para que o condomínio contratasse por conta própria um biólogo para capturar o animal, já que, conforme nota emitida semana passada, o IAP não se responsabiliza por recolher animais silvestres.
Nesta segunda, a SMMA já tinha disponibilizado um médico veterinário da própria prefeitura de Araucária para a captura. A operação teria o reforço dos policiais da Força Verde, que montariam a armadilha para pegar o macaco - os PMs tiveram de emprestar dados do Zoológico de Curitiba para a captura. Na manhã desta segunda, um técnico do próprio IAP foi ao local, fato que a diretora do órgão não sabia ao ser contactada pela reportagem. Mesmo assim, veio a proibição para recolher o bugio.
OIbama também foi procurado pela reportagem nesta segunda, mas o órgão federal não indicou ninguém para falar do caso do bugio de Araucária.
Responsabilidade
“Agora, falam que a responsabilidade é nossa de fazer uma cerca, não dar alimento para o animal e que eles não têm como receber o animal lá, sendo que o biólogo do IAP que estava aqui no condomínio disse que eles têm toda estrutura lá e só estavam aguardando”, reclamou o síndico. “O pior é que ninguém mais vai ter paz no condomínio porque todos estão com medo de um novo ataque”, completa.
Segundo a SMMA, o animal precisaria passar por exames para confirmar que não tem raiva, febre amarela ou outras doenças infectocontagiosas que pudessem fazer mal ao bebê mordido e aos demais moradores do condomínio.Por isso, se fosse capturado, o IAP indicaria um lugar onde o animal ficaria em quarentena antes de ser encaminhado para ser solto em outro local. “É uma questão de saúde pública”, afirmou Bruno Tonel Otsuka, diretor da SMMA.
Na semana passada, o pai do bebê chegou a dizer que pretende processar os órgãos ambientais por negligência. “Não foi um acidente doméstico. Foi negligência dos órgãos públicos que não levaram em consideração os avisos feitos pelos moradores do condomínio. Isso é muito sério”, enfatiza Balardim.
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