O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) decidiu na tarde desta quarta-feira (21) que o bugio que atacou um bebê de um ano em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, será enfim capturado. Técnicos do Grupo de Fauna do órgão se reuniram e avaliaram que é necessário retirar o animal da mata próxima ao condomínio residencial onde foi registrado o incidente.
“Vamos levá-lo para um centro de triagem, onde ficará sob quarentena para avaliarmos a saúde dele, se tem raiva ou outras doenças, e também observar o comportamento do animal”, explica Julio Gonchorosky, superintendente do Ibama no estado.
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Segundo o superintendente, após a quarentena será avaliado se o bugio tem condições de ser realocado em outra área de mata, com outros bugios, em uma região de menor adensamento populacional. Gonchorosky explica que, pela avaliação prévia dos técnicos, acredita-se que o bicho, por estar sempre sozinho, pode ser um animal mais velho ou mesmo até pode ter sido um animal que já esteve em cativeiro antes.
A decisão do Ibama foi motivada também porque não se constatou irregularidades do condomínio onde o bugio teve contato com a criança. “O condomínio cumpriu todos os requisitos. Não tem sujeira espalhada, nem comida e há isolamento com a área da mata. Mesmo que alguns moradores tenham dado comida para o bicho, ele é que foi até lá”, explica o superintendente.
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O Ibama não vai divulgar quando fará a captura do bugio e nem para onde ele irá, para evitar tumultos e aglomeração de pessoas. A captura será feito com o uso de um pulsar, uma espécie de rede grande utilizada para esse tipo de serviço, e deve contar com o apoio da Polícia Ambiental.
Família traumatizada
Enquanto isso, a família do bebê atacado em 14 de novembro segue traumatizada. O pai, Fernando Henrique Balardim, diz que a filha e a esposa, que também foi ferida, não quiseram voltar para o prédio onde moram, vizinho do bosque onde vive o bugio, após receberem alta dos médicos. Eles estão na casa de um parente.
“Minha filha e minha esposa estão traumatizadas e não querem ir para casa”, lamenta o pai. A menina precisou passar por uma cirurgia para reconstituir o couro cabeludo, já que a ferida causada pela mordida do primata deixou o crânio exposto. O bugio é visitante frequente do condomínio, onde sempre era visto nas sacadas dos apartamentos.
O trauma da bebê é tão grande que a menina não consegue nem se aproximar da cadela de pequeno porte que vive na residência que os acolheu . “Aqui onde estamos tem um cachorrinho marrom, da mesma cor do macaco. Quando a Julia vê a cadela correndo dentro de casa, começa a gritar, desesperada”, relata Fernando. A filha mais velha do casal, de 7 anos, viu o bugio atacar a irmã e também está apavorada. “Se a gente fala em voltar para casa, ela chora”, relata o pai.
O Ibama defendeu anteriormente que retirar o bugio da floresta não seria o ideal, por ele estar a princípio no seu ambiente natural. Dois técnicos do instituto vistoriaram o prédio na manhã desta quarta, após o síndico do condomínio. Ed Dimas da Cunha, procurar a instituição pessoalmente e protocolar o pedido. Em resposta à solicitação, a equipe do Ibama verificou detalhes do prédio como o armazenamento do lixo e a distância entre a área de floresta e os apartamentos, condições que podem ter atraído o macaco para o apartamento. “Se o lixo não estivesse bem armazenado, por exemplo, animais poderiam ter acesso fácil a ele”, aponta Gonchorosky.
O macaco não apareceu durante a visita dos técnicos, mas foi visto pelos moradores aproximadamente 30 minutos antes da chegada da equipe.
Notificação
Representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) também foram ao condomínio de Araucária durante a manhã desta quarta. Eles entregaram uma notificação ao residencial solicitando que os condôminos instalem telas de proteção nas sacadas, cortem os galhos das árvores que estão na divisa do prédio com a área da mata e não alimentem, acariciem ou estimulem o contato com animais silvestres. Em caso de descumprimento, o prédio poderá ser multado.
De acordo com o síndico Ed Dimas da Cunha, o condomínio já solicitou a instalação de placas informativas – que estão em fase de produção – e tem orientado os moradores a evitar contato com o macaco ou outros animais que apareçam na região. No entanto, ele informa que isso não é suficiente. “Ainda que todos instalem as telas e protejam seus apartamentos, quem vai proteger as crianças no parquinho, por exemplo?”, questionou.
O local já havia sido advertido no fim de outubro para que os moradores não alimentassem o macaco bugio. Eles afirmam que têm cumprido a solicitação.
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