Estudantes, funcionários públicos, professores e médicos estão entre os detidos pela Polícia Federal (PF) na segunda fase da Operação Glasnost, que investiga exploração sexual infantil no Paraná e mais 13 estados. Até os próprios pais de crianças foram presos - eles são acusados de produzir e compartilhar pornografia infantil feita dos próprios filhos, que eram dopados. Um senhor de 80 anos também foi detido.
Segundo o delegado Flávio Augusto Palma Setti, responsável pelas investigações, 30 pessoas foram presas até agora, por possuir, compartilhar e produzir material envolvendo pedofilia. No total, 72 mandados de busca e apreensão, além de três mandados de prisão preventiva e dois de condução coercitiva foram cumpridos.
Durante a execução dos mandados de busca, 27 pessoas foram presas em flagrante até as 10h desta terça-feira (25). De acordo com Setti, esse número ainda pode aumentar ao longo do dia, já que os agentes seguem nas ruas cumprindo os mandados. No Paraná, um rapaz em Curitiba e outros três em Maringá foram presos em flagrante por possuírem conteúdo de pornografia infantil em seus computadores. Na cidade ao norte do estado, um deles foi encontrado compartilhando esse material.
A posse e o compartilhamento de imagens e vídeos com pornografia infantil foram a ocorrência mais recorrente desta segunda fase da Glasnost. Ainda assim, o delegado destaca que, ao longo de toda a investigação, outros casos mais graves foram descobertos em outros estados. No caso de abuso sexual de menores, a ação era imediata para a proteção da vítima. “Em Praia Grande [litoral de São Paulo], encontramos o caso de um pai que abusava da filha por vários anos. Tinha fotos desde que ela tinha entre 2 e 3 anos até os 8. E ele disse que só parou porque ficou com medo que ela contasse para as amigas”, relata.
Segundo Setti, não há um perfil bem definido entre os detidos ao longo de toda a Operação Glasnost. “Eram estudantes, idosos, professores, médicos, pessoas muito simples e até funcionários públicos de alto escalão”, conta o delegado. “Em um dos casos, uma mulher foi presa junto com o restante de toda a família, já que todos eles praticavam atos entre si, incluindo os filhos”.
Setti relata ainda que pelo menos duas pessoas que ocupavam postos importantes no poder público também foram detidos e que os computadores usados por eles nos órgãos estatais foram apreendidos. Contudo, ele não detalhou os estados e nem mesmo as empresas em questão para que essas informações não prejudiquem a investigação.
“Teve também porteiro, em Bauru, que fotografava meninas na rua e de um homem, em Jundiaí, que também registrava imagens de crianças. Nesse caso, ele chegou a abusar de um menor e acabou preso”, revela o delegado.
Forma de atuar
O modo como muitos desses envolvidos atuavam também chamava a atenção. O delegado explica que eles utilizavam sites com servidores internacionais para encontrar pessoas com quem poderiam compartilhar vídeos e imagens, além de trocar informações. Entre eles, um dos casos foi o de um pai que perguntava em um fórum qual o melhor anestésico para dar ao filho para dopá-lo antes de produzir pornografia infantil.
Outro ponto de destaque é que alguns dos presos nesta nova fase já eram conhecidos da polícia por crimes envolvendo pornografia infantil. São reincidentes que já haviam sido detidos uma ou até mesmo duas vezes pelo mesmo crime anteriormente. “Como a posse de imagens leva até quatro anos de prisão, o acusado pode pagar fiança e responder em liberdade. O papel da polícia, de identificar e impedir essas ações está sendo feita. A partir daí, é com a Justiça”, pontua Setti.
Desde 2010
Desde a primeira fase, em 2013, a Glasnost investigou 200 suspeitos, com 60 presos. O nome da operação em russo, que significa transparência, é uma referência aos servidores localizados no país europeu usados pelos criminosos como “ponto de encontro” para a troca e produção de pornografia infantil.
No entanto, as investigações antecedem a data. Segundo o delegado, a apuração do caso começou em 2010 após a prisão de um estudante de Medicina em Curitiba em 2010. As informações compartilhadas pelo rapaz levou a polícia até o site russo e, a partir daí, novas pessoas foram identificadas — incluindo em outros países. Nesses casos, a polícia brasileira compartilhou informações com a Interpol e autoridades responsáveis.
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