O presidente da torcida organizada Império, do Coritiba, rebateu na manhã desta quarta-feira (18) a versão dada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) sobre uma grande confusão no bairro Santa Cândida entre militantes e torcedores na noite desta segunda (17). Juliano Rodrigues, conhecido como Lano, disse que os torcedores reagiram a provocações feitas pelos militantes, que teriam começado a gritar “segunda divisão” e “coxinhas” ao grupo no momento do encontro. O PT afirma, contudo, que os acampados é que foram agredidos com barras de ferro pelo grupo da Império.
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Militantes e torcedores se cruzaram por volta das 19h40 na Avenida Paraná, a uma quadra do novo local de acampamento dos apoiadores do ex-presidente Lula - preso na sede da Polícia Federal (PF) de Curitiba há quase duas semanas. Segundo Lano, os membros da torcida envolvidos na confusão são moradores do bairro Santa Cândida e seguiam para a partida entre Coritiba e Atlético-GO quando foram provocados por integrantes do movimento. “Eles são moradores do Santa Cândida e passavam pela região quando o pessoal começou a gritar ‘segunda divisão’ e chama-los de ‘coxinha’, coisas do tipo”, contou o presidente da torcida. “Eles foram provocados e por isso reagiram. Qualquer torcedor que passar por ali também vai sofrer com isso”, acrescentou.
Ainda conforme Leno, em um primeiro momento houve discussão entre os dois grupos, mas logo depois o bate boca saiu do controle e virou briga. “Um dos homens estava com uma manga longa e da roupa dele saiu um martelo. Outro apareceu com uma barra de ferro. Foram pra cima dos torcedores e sabemos que ninguém tem sangue de barata”. A Império informou que dois membros da torcida ficaram feridos: um teria levado uma martelada na cabeça e o outro um golpe de ferro no braço.
Ameaça
Nas redes socais, uma postagem do presidente da Império tem gerado polêmica -- já que o texto foi criado em tom ameaçador. Na mensagem ele chama o PT e o MST de “guerrilhas urbanas” e completa que, “agora quero ver segurar o bonde”.
No entanto, Leno negou a intenção de continuar com o clima de tensão. “Foi só um comentário na hora da raiva. Afinal, eles fecham ruas, jogam barracas na frente da casa dos outros e ninguém pode falar nada”, justificou.
Provocações e rojão
De acordo com o presidente do PT Paraná, Dr. Rosinha, os torcedores teriam agredido os militantes com barras de ferros e houve feridos. A declaração foi dada em um vídeo divulgado pelo PT-PR nas redes sociais. À reportagem, Rosinha afirmou que encontrou duas pessoas feridas no acampamento - uma com um hematoma no olho e um corte no ombro e outra com um ferimento no joelho. Eles foram atendidos por uma ambulância no local e não foram encaminhados para o hospital. “Eles [os integrantes da torcida organizada] viram as roupas vermelhas, do MST, da CUT, do PT e os agrediram”, disse o presidente do PT-PR.
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No local, foi possível ver quando membros da torcida provocaram os manifestantes e chegaram a disparar um rojão em direção ao grupo pró-Lula, que estourou no asfalto. Depois disso, começaram os xingamentos e empurra-empurra.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública disse que ocorreu um “princípio de confusão” e que a Polícia Civil vai investigar o caso.
De acordo com a nota da Sesp, “[...] os locais onde os manifestantes estão acampados não foram informados para as forças de segurança do Estado. O acordo, firmado em reunião na secretaria, previa o uso do Parque Atuba, onde já estava programada a presença de viaturas da Guarda Municipal. A Sesp esclarece que não compactua com qualquer ato de violência e que a Polícia Civil vai investigar os responsáveis pelo confronto entre torcedores e manifestantes [...]”.
O PT-PR divulgou nota repudiando a violência contra os militantes do acampamento e pedindo que haja segurança para os petistas. Esse foi um dos pontos acordados na segunda-feira, para que acampamento saísse da frente das casas nas imediações da Superintendência da PF.
“[...] Um grupo de torcedores, que se autoidentificaram como integrantes da torcida do Coritiba Foot Ball Club , da Império Alviverde, agrediu agora à noite integrantes do MST, que ficaram feridos. A organização do acampamento Lula Livre exige dos órgãos de segurança pública uma resposta quanto ao não cumprimento do acordo estabelecido em reunião. Ainda pede que as medidas cabíveis sejam tomadas e que a segurança seja efetiva nos locais onde permanecem os acampados.Não seremos intimidados, nossa organização e mobilização seguirá forte! [...]”