A canaleta exclusiva para ônibus na Avenida das Américas, continuação da Avenida Marechal Floriano, na ligação entre Curitiba e São José dos Pinhais, tem servido para fins diversos: estacionamento, mostruário de lojas de carro, ciclovia. Prometidas para a Copa de 2014, as obras não estão prontas – o que abre brechas para a utilização da via de outras maneiras.
Segundo a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), uma consultoria técnica foi contratada para avaliar o andamento das obras e definir o que precisa ser feito para a conclusão. Em 2016, a Comec alegou que faltava a instalação de sinalização e de semáforos no local para que, enfim, os ônibus pudessem circular. O trecho entre a Rua Pastor Antônio Pólito, em Curitiba, e o Terminal de São José dos Pinhais tem 2,6 km. Como está inacabada, os veículos do transporte coletivo precisam dividir a pista de rolamento com os carros, o que traz inúmeros transtornos para o trânsito da região.
Sem ônibus na canaleta, lojistas e clientes usam a via como estacionamento. De acordo com a vendedora Rosângela Lemes Araújo Pinto, de um comércio da região, a requalificação da avenida acabou com as vagas que existiam no entorno. “A gente não sabe por quanto tempo vai poder usar e não é correto também. Certo era ter a vaga de estacionamento, como é o normal em todos os lugares”, afirmou.
Rosângela afirma que desde que começaram as obras, em 2012, a loja perdeu metade de seu movimento, por conta da dificuldade de acesso quando a reforma estava em execução e agora pela falta de definição do que será feito. “Esse período está sendo terrível. Estamos sendo imensuravelmente afetados. Estamos considerando seriamente sair daqui”, contou.
Sem opção para estacionar na Avenidas das Américas, o representante comercial Joacir Almeida conta que deixa o carro no local quando precisa do serviço de uma das lojas da via. “Uso às vezes, mas só porque tiraram todos os lugares para estacionar. Quem precisa correr na loja faz o quê? O negócio está aí, abandonado, e os comerciantes estão com dificuldades porque não tem lugar para parar”, disse Almeida.
Procurados, os comerciantes das lojas de automóveis que estacionam os veículos à venda na canaleta não quiseram se pronunciar.
Trânsito e obras
Sem a canaleta, carros e ônibus precisam compartilhar as vias de rolagem. E é grande o número de carros que passam por ali todos os dias. “É muita gente que passa e se você ver na hora de pico, o ônibus fora da linha incomoda. Ônibus na canaleta alivia o tráfego tanto para o carro quanto para o ônibus”, destacou Virgílio Pereira, que mora na região.
A reforma é parte do Programa Pró-Transporte, PAC da Mobilidade - Copa do Mundo de 2014, que é de responsabilidade da Comec. Em nota, o órgão informou que ocorreram problemas no andamento da obra e que, por essa razão, o órgão rescindiu o contrato com a empresa. O edital, de fevereiro de 2012, fixava prazo para entrega em 18 meses. Mais de cinco anos depois, porém, a obra não está pronta e a canaleta não pode ser utilizada.
Após alterações no projeto em 2015, por demandas feitas na execução das obras, a promessa da Comec era entregar o trecho em junho daquele ano. Houve nova readequação e, em maio de 2016, a promessa era de que faltava colocar semáforos para liberar a canaleta para circulação dos ônibus. Além disso, faltavam uma camada de pavimentação em frente ao terminal, iluminação pública, ciclovia, sinalização e paisagismo para a conclusão da obra.
Em nota, a Comec afirmou também que uma nova licitação será feita para contratar a empresa que irá concluir o trecho. Para que seja feita uma nova concorrência pública, no entanto, é necessária uma avaliação do que precisa ser feito, algo que a coordenação diz já estar realizando, com a contratação de uma consultoria técnica. O trabalho será avaliar o estado atual do local para especificar no novo processo o que precisa ser feito.
Enquanto a canaleta não fica pronta, moradores e comerciantes cobram providências do poder público. “A canaleta está pronta há muito tempo, por que não usar? Qual a justificativa? Como sempre, vão ficar jogando de um lado para outro a responsabilidade e o povo é quem sofre”, afirmou Pereira.
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