Atingida por um incêndio na madrugada desta quarta-feira (31), a Rua da Cidadania Matriz, na Praça Rui Barbosa, no Centro de Curitiba, está com o alvará de funcionamento vencido. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o último certificado de vistoria venceu dia 18 de janeiro de 2016. O incêndio foi contido pelos bombeiros por volta de 1h da madrugada e consumiu 18 dos 250 boxes, levando o prefeito Rafael Greca (PMN) a determinar o fechamento da unidade até que se normalize a situação.
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A Urbs, empresa da prefeitura responsável pelo equipamento, confirmou a irregularidade e disse que vai tomar providências para destravar a liberação do documento. A alegação é de que o processo emperrou porque o Corpo de Bombeiros exige um projeto atualizado, o que não havia sido feito até então.
Com o incêndio, a atualização entrou na lista de prioridade do Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). O projeto vai detalhar novos itens da unidade, como o Armazém da Família .
Imagens: os boxes incendiados da Rua da Cidadania Matriz
A Urbs afirmou, contudo, que o sistema de incêndio da Rua da Cidadania Matriz era testado mensalmente, e que a última avaliação foi feita na quinta-feira passada (24). Na ocasião, todos os equipamentos de segurança contra incêndio estavam funcionando normalmente.
Falhas
Permissionários que trabalham na rua relataram que já tinham alertado fiscais da prefeitura sobre falhas nas instalações elétricas. Eles contaram que desde o ano passado começaram a se incomodar com ruídos no sistema. “Era um barulho muito alto. O último aviso que demos foi no final do ano passado, só que não foi nada no papel, era sempre aviso de boca. Eles mandavam tomar cuidado, mas nunca chegavam com uma solução”, afirma Paula Mari Veneranda, de 32 anos, proprietária de uma das lojas completamente destruídas no incêndio.
Outro comerciante, Fábio de Freitas, de 49 anos, comentou que equipes da fiscalização vinham trocando reatores de lâmpadas que iluminavam os boxes, mas que nem todos os equipamentos chegaram a ser substituídos. “Eles começaram trocando alguns reatores, porque os próprios fiscais disseram que os que tinham aqui eram muito fracos”, afirmou ele, que também teve parte do artesanato que vendia consumido pelas chamas.
Serviços afetados
O incêndio consumiu 18 dos 250 boxes da área comercial da Rua da Cidadania, causou prejuízos ainda não calculados pelos lojistas e bloqueou diversos serviços públicos prestados no local. A área funciona como um braço da administração municipal.
Por causa do isolamento obrigatório, os atendimentos nos quiosques da Copel e da Sanepar não estão funcionando nesta quarta-feira (31). O Centro de Referência da Assistência Social (Cras) que fica dentro da Rua da Cidadania Matriz também está temporariamente fechado, assim como o Armazém da Família. A prefeitura disse que avalia liberar estas áreas ainda nesta tarde.
O setor de lojas ainda não tem previsão para reabrir.
Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, o vice-prefeito e secretário de Obras Públicas de Curitiba, Eduardo Pimentel, não confirmou se o sistema elétrico da unidade já tinha passado por reformas anteriores. Ele também evitou comentar sobre as reclamações dos permissionários.
Pimentel disse apenas que o laudo da perícia é que vai apontar a verdadeira causa do incêndio. Ele adiantou, no entanto, que uma reforma feita na noite desta terça (30) em um dos espaços da Matriz vai entrar na análise técnica . “Um permissionário tinha autorização para fazer reforma até 22 horas. Estamos levantando o que foi feito nessa reforma para saber se tinha ligação ou não”, observou.
Pela manhã, a Urbs informou que perícia ficará a cargo da Polícia Civil. Já a avaliação nas instalações elétricas da rua será feita por uma empresa especializada. A intenção da Urbs é contratar a empresa ainda nesta quarta-feira.
Ressarcimento
Os permissionários que tiveram os boxes atingidos pelo fogo esperam uma resposta da prefeitura sobre os prejuízos provocados pelo incêndio. “Perdi tudo. Tudo o que a gente tinha estava aqui”, disse Paula Mari, permissionária de uma loja de roupas infantis. Aos prantos, ela era consolada pelo irmão na manhã desta quarta. A comerciante estima ter perdido cerca de R$ 30 mil.
Ela e outros donos de quiosques destruídos pelo fogo dizem que arcar com todos os custos do prejuízo está fora de cogitação. “O que eles vão fazer por nós agora? Isso a gente precisa saber”, questiona a comerciante.
Frente à situação, o vice-prefeito disse que a prefeitura está estudando a possibilidade de ressarcimento dos lojistas. Para evitar prejuízos diários até a reforma dos boxes, esses comerciantes serão deslocados para outros espaços dentro da Rua da Cidadania.
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