Com o incêndio do Museu Nacional domingo (2), a múmia exposta no Museu Egípcio Rosacruz, em Curitiba, ganha ainda mais importância para quem se dedica à pesquisa do Egito antigo no Brasil. Isto porque a tragédia no Rio de Janeiro pode ter destruído o maior acervo egípcio da América Latina, que incluia seis múmias, algumas adquiridas pelos imperadores dom Pedro I e dom Pedro II (esta raríssima por nunca ter tido o sarcófago aberto). Com isso, o exemplar de 2,7 mil anos exposto no museu do bairro Bacacheri, chamada de Tothmea, torna-se ainda mais rara, já que pode ser a única múmia egípcia do Brasil.
O arqueólogo Moacir Elias Santos, pesquisador que participou do Projeto Tothmea, que estuda a múmia de Curitiba, enfatiza que com a possível destruição dos exemplares do Museu Nacional, o acervo egípcio de outras instituições brasileiras ganham uma importância ainda maior, como a coleção egípcia do museu da Universidade de São Paulo (USP) e do Museu de Arte de São Paulo. “A Tothmea já é bastante conhecida e tão estudada como as do Rio. O museu de Curitiba é inclusive uma referência sobre o Egito Antigo”, destaca Moacir, que é professor da Uniandrade e coordenador da especialização em História Antiga e Medieval do Instituto Tecnológico e Educacional de Curitiba (Itecne).
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Tothmea foi descoberta na segunda metade do século 18 e está em Curitiba desde 1995. Ela foi doada pelo Museu Egípcio Rosacruz de San José, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos.
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Em 1885, o governo americano ganhou Tothmea e mais uma múmia de presente em visita oficial do secretário de governo Samuel Sulivan Cox ao Egito. Depois, ela foi cedida ao Museu George West, em Round Lake, estado de Nova York. Foi nessa época que foi desenfaixada e, por isso, teve os pés quebrados.
Quando o museu fechou, a múmia acabou em um celeiro e em seguida em um porão, onde um objeto caiu em sua face e alguns ossos se quebraram. Conta-se que nessa época crianças usavam a múmia como decoração de festas de Halloween e para assustar pessoas. Finalmente, em 1897, Tothmea foi adquirida pelo Museu Rosacruz de San José, sua última casa antes de vir para o Brasil quase 100 anos depois.
“Ter está múmia aqui é a possibilidade da pesquisa, além de compreender o processo de mumificação dos egípcios e toda essa concepção de vida além do túmulo. Independente da tragédia no Rio, o cuidado que a gente tem com a Tothmea sempre foi o maior possível e vai continuar sendo porque ela faz parte da história mundial”, destaca a supervisora cultural do Museu Egípcio Rosacruz em Curitiba, Vivian Tedardi.
História de Tothmea
O que se sabe de Tothmea é que ela não era da nobreza egípcia. Acredita-se que a múmia, uma mulher, tenha sido uma cantora ou musicista. Além disso, o nome verdadeiro não é Tothmea - a nomenclatura foi dada por um arqueólogo, em referência aos faraós Tothmés, que governaram o Egito durante a 18.ª dinastia, entre os anos de 1504 antes de Cristo e 1425 antes de Cristo.
Tothemea é guardada em uma sarcófago que reproduz as tumbas da 18ª dinastida do Egito antigo. Para preservá-la, a direção do Museu Egípcio Rosacruz toma uma série de medidas. “Fazemos a conservação de controle e umidade do ambiente, já que há muita circulação de pessoas. A múmia está fechada dentro de uma vitrine e sempre colocamos sílica para preservar a umidade. A temperatura também é controlada e geralmente fica entre os 18 °C e 19 °C”, explica Vivian.
Serviço
O Museu Egípcio Rosacruz fica na Rua Nicarágua, 2.620, no bairro Bacacheri. O horário de funcionamento é de terça à sexta-feira das 8h às 12h e das 13h às 17h30. Aos domingos o horário é das 9h às 12h. Mais informações no site do Museu Rosacruz.
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