O índice de gravidez de adolescentes em Curitiba em 2021 foi de 6,6%, o menor desde 1998, quando 18,3% das gestantes da capital paranaense era dessa faixa etária. A redução, nos últimos 5 anos, é de 35%. Bem acima da média do Brasil no mesmo período (13,7%) e também do Paraná (11,1%). Em parte, impacto do isolamento social ocasionado pela pandemia de coronavírus, mas também reflexo de um trabalho de prevenção.
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A coordenadora de saúde reprodutiva da Secretaria Municipal da Saúde, Ângela Leite, destaca que Curitiba adota ações que fazem com que Curitiba seja a segunda capital (atrás apenas de Florianópolis) com menor índice de gravidez na adolescência. Uma delas é a parceria entre os setores de educação e saúde. Além da oferta de conteúdo educativo nas escolas, os professores orientam os adolescentes a irem às unidades de saúde com maior frequência.
Lá, o trabalho é integrado. Profissionais da saúde de diversas áreas são preparados para dar informações e conduzir os pacientes. "Eles não costumam ir ao médico. Mas eles vão ao dentista. E nós trabalhamos com os dentistas para eles direcionarem esses adolescentes".
Nos postos de saúde, junto com a distribuição gratuita de camisinha, há anticoncepcionais e pílulas do dia seguinte oferecidos após as consultas, dependendo do caso específico. Os agendamentos podem ser feitos pela internet, o que facilita para o adolescente que possa ter vergonha de ir ao posto sozinho pessoalmente pela primeira vez.
Outro fator importante para a queda no índice de gravidez de adolescentes nos últimos anos foi o distanciamento social forçado pela pandemia. “Houve menos festas, onde costuma ter drogas e bebidas alcoólicas, que incentivam os jovens a terem relações sexuais sem preservativos”, admite Ângela.
A atenção à saúde reprodutiva não é dada apenas às meninas. “Além da gravidez, temos o cuidado com a prevenção de doenças. Os profissionais estão cada vez mais capacitados também a orientar sobre a importância da vacina contra o HPV, por exemplo”.
O trabalho de conscientização sobre saúde reprodutiva não foca apenas em adolescentes. São projetos feitos visando à saúde integral, ao combate à violência, em estudos sobre vulnerabilidades a doenças sexualmente transmissíveis, direitos sexuais e reprodutivos em toda a sociedade.
O direito reprodutivo contempla a escolha da mulher. Em todas as idades, a estimativa é de que 70% das mulheres engravidam porque querem ou têm uma gravidez não planejada, mas bem aceita. "O adolescente tem o direito de exercer a sexualidade, e de se reproduzir também, mas a gente quer que seja de uma forma responsável", completa a coordenadora.
Gravidez de adolescentes: prevenção e acompanhamento "interdisciplinares"
Enquanto a prevenção à gravidez é intersetorial, o acolhimento da adolescente grávida também deve ser interdisciplinar. Para Luiza Sviesk Sprung, ginecologista e obstetra especialista em sexualidade humana, a jovem gestante precisa começar o quanto antes o acompanhamento pré-natal. E o acolhimento familiar e social tem que se estender ao puerpério e aos anos seguintes.
“O grande problema da gravidez na adolescência é que ela leva a um ciclo de pobreza e baixa escolaridade e, portanto, o futuro dessas meninas quanto a emprego, educação, direitos e autonomia pode ficar comprometido”, explica a médica. “Além disso, é importante conversar sobre os impactos na sua saúde mental”.
O acolhimento das mães adolescentes acontece no programa Mães Curitibanas, que envolve outras secretarias, além da pasta da Saúde. Depois de ter o bebê, a mãe é encaminhada ao Programa de Planejamento Familiar, e o bebê entra no Programa Saúde da Criança.
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