A Polícia Civil deve concluir o inquérito do assassinato do jogador Daniel nesta quarta-feira (21). Três dos sete acusados de envolvimento na morte devem ser indiciados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver: o empresário Edison Brittes Jr, 38 anos, assassino confesso do atleta, além dos jovens Eduardo da Silva, 19 anos, David Willian da Silva, 19 anos, e Ygor King, 18 anos. Os três rapazes teriam participado do espancamento na casa da família Brittes e ido ao matagal onde Daniel foi brutalmente assassinado, com a cabeça quase degolada e o pênis decepado, no dia 27 de outubro.
Já os outros seis presos responderão por diferentes acusações. Cristiana Brittes, 35 anos, e Allana Brittes, 18 anos, esposa e filha de Edison, responderão por coação de testemunha e fraude processual - as duas participaram da conversa no shopping com outras testemunhas para tentar consolidar a mesma versão dos fatos. O último detido no caso, Eduaro Purkote, deve responder por lesões graves - ele também teria participado das agressões ao jogador na casa dos Brittes.
Também nesta quarta o inquérito deve ser encaminhado pelo delegado Amadeu Trevisan, da Delegacia de São José dos Pinhais, ao Ministério Público do Paraná (MPPR), que é quem vai formalizar a denúncia à Justiça. Todos os suspeitos seguem presos. Nesta semana, a Justiça negou o pedido de revogação de prisão de Cristiana
Inquérito paralelo
Além do processo do assassinato de Daniel, a Polícia Civil abriu um inquérito paralelo a pedido do MPPR para investigar possível ligação de Edison Brittes Jr com outras ações criminosas. São três os indícios que levaram o Ministério Público a pedir essa investigação.
O primeiro é a moto de luxo do empresário, com a qual ele postava fotos nas mídias sociais e que está registrada em nome de um traficante preso. O segundo indício é o chip do celular com o qual Edison chegou a ligar para a família e amigos de Daniel para consolá-los e que está em nome de um homem assassinado em 2016 e que era investigado por receptação de carros roubados. O fato mais recente é o carro com o qual o assassino confesso levou o jogador para o matagal que estaria em nome de um comércio de Piraquara, mas seria de posse de um policial civil afastado do trabalho por responder a três processos: assassinato, extorsão mediante sequestro e organização criminosa.
O caso
O corpo de Daniel Corrêa Freitas foi encontrado em um matagal em São José dos Pinhais no dia 27 de outubro com sinais de tortura: o pescoço estava quase degolado e o pênis decepado. Daniel veio a Curitiba participar da festa de aniversário de Allana Brittes, filha de Edilson Brittes Jr, no dia 26 de outubro. Após participar da comemoração em uma casa noturna no bairro Batel, o jogador foi para outra festa na casa de Edison, dono de um mercado em São José dos Pinhais.
À polícia, o empresário admitiu ter matado o jogador após tê-lo flagrado tentando estuprar sua esposa - versão questionada pela polícia. O jogador chegou a enviar via Whatsapp a um amigo imagens dele ao lado da esposa de Edison na cama do casal, o que teria levado o empresário a cometer o assassinato. Nas fotos, Cristiana dorme enquanto o jogador faz caretas.
Daniel foi espancado na casa da família e levado para um matagal no porta-malas do carro de Edison. De acordo com o empresário, ele decidiu matar o atleta com uma faca que tinha no carro. Entretanto, Eduardo afirmou em seu depoimento nesta segunda-feira (12) que viu Edison pegar a faca na cozinha da residência.
Antes de ser preso, o empresário chegou a ligar para a família e para amigos de Daniel a fim de prestar solidariedade. Allana também trocou mensagens com uma parente de Daniel afirmando que não houve briga na casa da família e que o jogador foi embora sozinho na noite do assassinato.
Daniel teve passagem apagada pelo Coritiba em 2017, prejudicada por lesões. Natural da cidade de Juiz de Fora (MG), teve também passagens por Cruzeiro, Botafogo, São Paulo, Ponte Preta e estava atualmente no São Bento de Sorocaba (SP). O corpo do jogador foi enterrado no dia 31 de outubro na cidade de Conselheiro Lafaiete, também em Minas Gerais.