Visitar o túmulo de um familiar, velar um ente querido ou caminhar nas proximidades do Cemitério Água Verde, em Curitiba, são atividades que têm preocupado moradores da região. Segundo eles, assaltos são frequentes no local e 18 luminárias da área externa do cemitério foram roubadas.
De acordo com um funcionário que preferiu não se identificar, a sensação de insegurança é tão grande que a administração passou a orientar os familiares a trancarem as portas das capelas durante a noite. “Alguns ficam velando seus parentes fechados ali dentro e outros preferem ir embora e voltar só de manhã”, disse. Além disso, “os ladrões agem quase todos os dias levando placas de bronze e objetos de valor das sepulturas, e ainda assaltam quem caminha por aqui”, completou.
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A situação tem feito com que o número de pessoas que visitam o cemitério diminua gradativamente, influenciando até nas vendas de flores e placas de homenagem no local. “A queda começou nos últimos anos e se acentuou a partir do segundo semestre de 2017 porque as pessoas que vinham visitar seus amados e compravam de nós começaram a ficar com medo dos ladrões e quase pararam de vir”, disse a empreendedora Sandra Regina Schnidlin, que possui uma loja anexa ao cemitério.
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Ao mesmo tempo em que ela percebeu queda significativa na receita, também sofreu diversos prejuízos com a violência. “Minha loja foi assaltada duas vezes nos últimos três meses”, lamentou. Na primeira ação, os bandidos abriram um buraco no teto e, por ele, conseguiram levar cerca de R$ 5 mil em produtos. Já no segundo roubo, quebraram o vidro localizado acima da nossa estante. “Eles caíram em cima dessa estante e quebrando tudo. Levaram mais de R$ 2 mil em mercadorias e ainda tivemos que gastar para arrumar o que estragaram”, relatou Sandra.
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Roubo de luminárias
O problema continua fora dos muros do cemitério, onde há uma pista de caminhada utilizada diariamente pelos moradores do Água Verde. “Foi difícil conseguirmos a construção dessa pista totalmente iluminada, e agora os refletores estão sumindo a cada madrugada”, lamentou o diretor do Conselho de Segurança do bairro, Paulo Roberto Santos. De acordo com o 12.º Batalhão da Polícia Militar, 18 das 136 luminárias da Rua Professor Assis Gonçalves foram roubadas nos últimos quinze dias e apenas quatro delas foram recuperadas pela equipe.
Sem a iluminação adequada no local, moradores como o analista de sistemas Pedro Atilio Boareto, 63, evitam sair de casa à noite e procuram utilizar somente as vias movimentadas. “Caminho pela manhã em locais com bastante gente para não me tornar um alvo isolado”, disse, enquanto realizava seus exercícios matinais próximo ao cemitério.
Assim como ele, uma analista de projetos de 50 anos, que preferiu não se identificar, também escolhe a luz do dia para sair de casa tomando diversos cuidados. “Nunca saio com bolsa, escondo meu celular para não chamar a atenção e fico de olho ao que está acontecendo à minha volta porque estão assaltando de bicicleta aqui na região”, comentou.
Módulo da Guarda Municipal
Para a empresária Isabel Domingues, de 60 anos, a única alternativa capaz de inibir a ação dos assaltantes é a reinstalação de um módulo da Guarda Municipal no cemitério, assim como existia em 2016. Na época, o espaço ficava atrás de uma floricultura e foi desativado a pedido do Ministério Público do Trabalho. A alegação foi de que as instalações eram insalubres para os guardas trabalharem. “Sem os guardas aqui, fica bem difícil. Já tivemos que colocar grades e até um sistema de alarme para evitar novas ações dos bandidos”, informou a proprietária da Floricultura Verônica.
Atualmente, a GM realiza apenas patrulhamento na região e, para reforçar o monitoramento, coloca um módulo móvel no local de vez em quando. Na última semana, por exemplo, ele foi instalado em frente ao cemitério na terça-feira (5) e, na mesma data, a equipe prendeu em flagrante um rapaz que roubava placas de bronze e ameaçava pedestres. Segundo a Secretaria da Defesa Social de Curitiba, ele estava segurando peças metálicas retiradas dos túmulos.
A ação fez com que os funcionários do cemitério ficassem aliviados. “Seria tão bom se a GM estivesse conosco assim todos os dias. Talvez com isso pudéssemos trabalhar sempre com mais tranquilidade”, pontuou o funcionário de manutenção do cemitério, Elias Torres de Matos, 56 anos.
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