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A emoção de vivenciar o choro de um bebê pela primeira vez após o nascimento é um dos momentos mais marcantes na vida de uma mãe e de um pai. Nem todos conseguem ouvi-lo, mas podem contar com auxílio nesse momento tão especial. Olimpia Virginia Páes Duin, de 41 anos, e Ronildo Fernandes de Melo de 43 anos são surdos e tiveram o auxílio de uma intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) durante o parto do primeiro filho do casal, em Curitiba.

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Sônia de Paula é intérprete da Central de Libras da prefeitura de Curitiba e é uma das três profissionais do local - que oferece acessibilidade de comunicação aos surdos na capital paranaense. E esse acompanhamento pode ocorrer em várias situações: consultas médicas, entrevistas de trabalho, tribunais, entre outros.

Em uma das consultas médicas no Hospital do Trabalhador, já no fim de gestação, Sônia repassava as orientações ao casal quando foi informada que o bebê estava sentado dentro da barriga da mãe, no lugar de estar encaixado para o parto. “Era apenas uma consulta de rotina, mas nos levaram para a sala de parto e não sabíamos o que ia acontecer”, conta a intérprete. O casal e a intérprete, então, foram informados que seria preciso fazer uma cesariana às pressas.

Quando soube que o nascimento de Rony ocorreria naquele momento, apesar do preparo que a profissão exige, Sônia ficou nervosa. “Foi um turbilhão. Eu nunca tinha assistido a um parto, nem mesmo ao meu. Sem contar que relatar toda essa emoção foi inesquecível”, conta a intérprete.

A intérprete também acompanhou os pais em consultas após o nascimento do bebê.
A intérprete também acompanhou os pais em consultas após o nascimento do bebê. | Divulgação / SESA

Durante a cesariana, Sônia interpretava tudo aos pais. “Tem que trazer toda a emoção do momento, para que os pais também possam viver tudo aquilo. Você é apenas um instrumento e suas mãos precisam repassar tudo aquilo que está acontecendo”, explica.

O momento mais emocionante foi quando Rony chorou. A intérprete traduziu tudo para eles. “Quando contei que o bebê havia nascido, ela me perguntou se ele estava chorando. Como ainda não tinha, ela se assustou. Mas logo começou a chorar e a mãe também, de emoção”, relembra Sônia.

Para os pais, esse também foi um momento muito importante, já que nos partos dos outros filhos, de relacionamentos anteriores, eles não tiveram o auxílio de intérprete. “Esse foi um momento muito importante para eu sentir e viver as emoções, além de saber realmente como estava acontecendo a cirurgia. Quando Rony chorou, senti a emoção junto com ele e também chorei”, diz a mãe.

Olimpia nasceu na Venezuela, e Ronildo, em Roraima. Os dois vieram para a capital paranaense em busca de oportunidades financeiras. Eles estão aqui há três anos.

Além do serviço de intérprete ser utilizado em consultas médicas, o casal também o utilizava em outros compromissos. “Apesar de o dia do parto ser apenas a segunda consulta que eu ia com eles, nós já nos conhecíamos de outros compromissos. Já tinha ido com Ronildo à Rua da Cidadania atrás de informações para criar uma empresa”, conta a intérprete.

Após o nascimento, Rony teve que ficar internado por uns dias, pois ingeriu líquido durante a gestação. Mas o bebê passa bem e está prestes a receber alta médica.

Intérprete 

Para ter acesso ao serviço de intérprete de Libra, é preciso marcar com antecedência e verificar se a agenda do profissional está livre. A Central de Libras conta com três servidores que realizam o serviço gratuitamente.

Esse agendamento pode ser feito via telefone (41 3221-2262), WhatsApp (41 99255-8206), por meio do Facebook da central ou pessoalmente na Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O endereço da secretaria é Rua Schiller, 159, no Cristo Rei, com horário de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h.

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