O ano de 2018 foi marcado por crimes em Curitiba, região metropolitana e no Litoral do Paraná que geraram comoção na sociedade e que tiveram grande repercussão, inclusive internacional. Um deles foi assassinato do jogador Daniel,com passagem pelo Coritiba e São Paulo, morto e decapitado após uma festa em São José dos Pinhais, na grande Curitiba.
Já o assassinato do policial militar Erick Norio em uma vila no bairro Cidade Industrial de Curitiba desencadeou uma sucessão de atos violentos, entre eles um incêndio que destruiu quase todos os barracos da comunidade e do qual suspeita-se que seja uma represália pela morte do soldado. No Litoral, uma confusão no trânsito terminou com a morte de uma adolescente, de 14 anos, Isabelly Cristine Santos.
Relembre cinco que crimes registrados em Curitiba neste ano:
Caso Daniel
O corpo do jogador de futebol Daniel Corrêa Freitas foi encontrado em um matagal em São José dos Pinhais, em 27 de outubro, com sinais de tortura: o pescoço estava quase degolado e o pênis decepado. O atleta veio a Curitiba participar da festa de aniversário de Allana Brittes, filha do empresário Edilson Brittes Jr, que confessou o assassinato.
Após participar da comemoração em uma casa noturna no bairro Batel, o jogador foi para outra festa na casa dos Brittes, em São José dos Pinhais. À polícia, o empresário admitiu ter matado o jogador após tê-lo flagrado tentando estuprar sua esposa, Cristina Brittes - versão refutada pela Polícia Civil. O jogador chegou a enviar via Whatsapp a um amigo imagens dele ao lado da esposa de Edison na cama do casal, o que teria levado o empresário a cometer o assassinato.
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Nas fotos, Cristiana dorme enquanto o jogador faz caretas. Daniel foi espancado na casa da família e levado para um matagal no porta-malas do carro do empresário. Ele foi assassinado e decapitado no matagal.
O Ministério Público do Paraná denunciou sete pessoas por envolvimento na morte de Daniel. A Justiça aceitou a denúncia e eles viraram réus. Nem todos participaram das agressões e do assassinato, mas cometeram outros crimes, como fraude processual, coação de testemunhas, entre outros.
Daniel teve passagem apagada pelo Coritiba em 2017, prejudicada por lesões. Natural da cidade de Juiz de Fora (MG), teve também passagens por Cruzeiro, Botafogo, São Paulo, Ponte Preta e estava atualmente no São Bento de Sorocaba (SP).
Assassinato de PM e incêndio na Vila Corbélia
Um incêndio destruiu a Vila Corbélia, ocupação na Estrada Velha do Barigui, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), em 7 de dezembro. Moradores culpam agentes da Polícia Militar (PM) pela ocorrência, que teriam contribuído para que o fogo se alastrasse. O incêndio seria represália à morte do soldado Erick Norio, do 23.° Batalhão, morto enquanto trabalhava um dia antes. Cerca de 300 casas foram destruídas pelo fogo, mas ninguém se feriu com gravidade.
A PM nega que policiais estejam envolvidos com o incêndio . O comando da corporação afirmou que o fogo teria sido causado por um grupo criminoso com o objetivo de inibir a ação policial na vila após o assassinato de Norio. Além da investigação da Polícia Civil, a corregedoria da PM abriu procedimento interno para averiguar as suspeitas.
Um suspeito de ter matado o soldado foi preso. Além disso, dois policiais militares foram afastados de suas funções, após terem sido filmados atirando contra casas na Vila Corbélia. Eles aparecem em um vídeo sem fardas, usando um carro descaracterizado mas vestindo coletes balísticos oficiais da PM. Além dos cerca de 10 disparos a esmo, eles xingaram e gritaram ordens para os moradores irem para suas casas. No mesmo dia da gravação, a PM fazia uma operação para identificar o assassino do soldado.
Youtuber morta no Litoral
Isabelly Cristine Santos, de 14 anos, morreu ao ser baleada em uma rodovia estadual do Litoral, após uma confusão no trânsito, em 14 de fevereiro. A youtuber foi alvejada na cabeça quando voltava de um de uma gravação no balneário de Shangrilá na PR-412, que corta as praias de Pontal do Paraná. A adolescente foi socorrida, mas morreu no hospital. A família decidiu doar os órgãos da menina. Isabelly era conhecida em Paranaguá por seu trabalho no YouTube.
Os irmãos Everton e Cleverson Vargas disseram que atiraram porque se sentiram ameaçados pelo motorista do carro em que a youtuber estava. O condutor, amigo da família de Isabelly, teria dado uma “fechada” no veículo em que os irmãos estavam e e eles entenderam que se tratava de um assalto. Os dois foram presos e processados pelo crime. Mas a prisão de Cleverson foi revogada pela Justiça em 17 de dezembro e ele responde em liberdade. Everton, que confessou de ter atirado, segue preso.
Com o sonho de se tornar conhecida, Isabelly criou o canal no YouTube Isa Top Show, que tinha mais de 27 mil inscritos e somou neste começo do ano mais de 3 milhões de visualizações. A adolescente era conhecida no Litoral como a “youtuber de Paranaguá”.
Roubo de corpo de bebê
O corpo de Valentina de Fátima Vieira, de 1 ano e 1 mês, foi roubado do Cemitério Municipal do Boqueirão, em Curitiba, menos de 24 horas depois de ter sepultado, em 22 de junho. Entra as poucas pistas, estão as imagens de câmeras nos arredores do cemitério que mostram um veículo Astra verde-oliva em que estariam dois homens vistos deixando o local com o caixão com o corpo da criança. A Polícia Civil é taxativa: sem chegar ao veículo, as chances de a situação ter uma reviravolta minguam a cada dia. Segundo testemunha, os suspeitos são homens brancos e de meia idade.
No dia em que o corpo da bebê foi levado, o Brasil enfrentou a Costa Rica pela Copa do Mundo, o que deixou as ruas vazias, facilitando a ação dos criminosos - flagrados de longe por uma câmera de segurança das redondezas. O crime, que ocorreu em meio a uma onda de crimes nos cemitérios de Curitiba, fez com a prefeitura aumentasse a segurança, com presença da Guarda Municipal 24h por dia nos três cemitérios administrados pela prefeitura: São Francisco de Paula, Água Verde e o próprio Boqueirão.
Jovem morto pela PM e ônibus queimados
Ruhan Luiz Machado, de 20 anos, foi morto em outubro durante uma suposta troca de tiros com a Polícia Militar (PM), no bairro Cajuru, em Curitiba, em 22 de outubro. A família de Ruhan afirma que o rapaz não tinha envolvimento com o crime e nem com drogas e que teria sido executado pela PM com cinco tiros na cabeça. Ela trabalhava em uma fábrica e havia passado no vestibular para Direito, com bolsa de estudo de metade do valor do curso.
Já os policiais alegam que faziam buscas pelos assassinos de um rapaz morto a pedradas no Cajuru e que teriam encontrado um grupo que faziam disparos para o alto na Rua Malba Gama Scremin, a 200 m de onde a vítima foi apedrejada. Ao abordarem o grupo, os policiais teriam sido alvo de disparos. Segundo os PMs, Ruhan estaria neste grupo. Já a família afirma que o rapaz estava voltando da casa de um primo ao ser alvejado.
O caso é investigado pela Polícia Civil. O comando da PM também abriu Inquérito Policial Militar (IPM) para avaliar internamente a conduta dos policiais. Os PMs envolvidos na ação foram afastados do trabalho nas ruas.
Os moradores do Cajuru se revoltaram com a morte do jovem e fizeram uma série de protestos. Alguns desses atos terminaram em confusão. Eles bloquearam o trânsito e queimaram pneus. Além disso, ônibus foram apedrejados e queimados no bairro.
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