As investigações sobre a ação da Polícia Militar do Paraná (PMPR) que deixou 8 mortos nas regiões do Cajuru e Caximba, em agosto deste ano em Curitiba, estão longe de serem concluídas. Dois meses depois dos fatos, os laudos de necropsia e de confronto balístico não foram finalizados e os policiais militares que participaram da ação não prestaram depoimento para a Polícia Civil.
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A ação foi iniciada na madrugada de 11 de agosto, após o setor de inteligência da polícia ter identificado que suspeitos estariam se preparando para executar um homem que fazia parte de outro grupo criminoso.
Um veículo com alerta de furto ou roubo foi localizado pelos policiais que foram para o bairro da Caximba. Segundo a PM, ao avistarem a viatura, dois homens saíram do veículo atirando contra os policiais, que revidaram. Os dois suspeitos morreram na troca de tiros. Já as equipes que se deslocaram ao Cajuru foram até uma casa onde havia outros seis suspeitos. Os policiais relataram que foram recebidos com tiros. Após um confronto, os seis homens foram baleados e morreram no local.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o delegado Armando Braga, do 13º Distrito Policial da Capital, explicou que as investigações sobre as mortes ocorridas naquela noite não avançaram como o esperado. Segundo o delegado, ele ficou responsável por investigar as duas primeiras mortes, ocorridas na área de atuação do 13º DP. O delegado afirma que apesar de ter feito todo o possível para que as circunstâncias das mortes fossem esclarecidas, pouco foi acrescentado ao inquérito.
“Expedi algumas ordens de serviço para ver se havia alguma testemunha que pudesse falar alguma coisa, mas não conseguimos encontrar ninguém que quisesse colaborar. Não conseguimos também localizar imagens de câmeras de vigilância ou monitoramento nas imediações do local onde houve as mortes, o que ajudaria nas investigações”, disse.
Braga confirmou à reportagem que entrou em contato com a PMPR pedindo que os policiais que estiveram presentes na ação comparecessem ao 13º DP para prestarem declarações. O pedido, porém, foi negado sob a justificativa de que esses policiais já estariam respondendo a um inquérito policial militar, e que assim que houvesse o depoimento deles, o conteúdo seria encaminhado ao 13º DP.
“O pedido foi reiterado”, confirmou o delegado, “mas foi novamente negado. Dessa vez disseram que deveria haver a presença de um defensor público junto aos policiais, e como não havia nenhum defensor púbico disponível naquele dia, eles não compareceram”.
Braga disse entender que alguns laudos, como o de confronto balístico, podem levar mais tempo para serem concluídos. De acordo com o delegado, em alguns casos, a deformação sofrida pelos projéteis no momento do impacto torna inviável a análise. “Será preciso cruzar os dados de que arma disparou qual projétil, e qual era o policial que empunhava essa arma no momento da ação”, detalhou.
Porém, o delegado lamentou o fato de não ter recebido nenhuma informação ainda por parte da PMPR. “Tudo o que nós podíamos fazer, nós fizemos. Mas não encontramos testemunhas e nem imagens para colaborar na investigação, e ainda estou aguardando essas declarações dos policiais militares, que até agora não chegaram. Assim que os laudos ficarem prontos, vou encaminhar o caso à Justiça”, confirmou.
Procurada pela Gazeta do Povo, a assessoria da PMPR informou que o prazo de instrução do inquérito é de 60 dias, e que os trâmites estão ocorrendo dentro dos prazos previstos. A competência de instauração do inquérito policial militar, explicou a assessoria, é da própria PMPR, que também confirmou que irá fazer os encaminhamentos pertinentes assim que os trabalhos estiverem concluídos.