O número de mortes nos trechos de serra da região de São Luiz do Purunã nas BRs 277 e 376, entre Palmeira e Curitiba, cresceu quatro vezes entre os meses de janeiro e julho deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Paraná (PRF-PR), 23 pessoas morreram nesses trechos, contra seis em 2016. Além do número maior de óbitos, 185 pessoas ficaram feridas em colisões nos últimos meses.
Entretanto, o número de acidentes caiu de 258 para 226. Para a polícia e as concessionárias responsáveis pelos trechos, a explicação para esse aumento de vítimas mesmo com menos ocorrências está na gravidade dos acidentes na região neste primeiro semestre. No dia 25 de maio, um engavetamento no sentido de Curitiba matou seis pessoas na altura do km 125, em Balsa Nova. Doze dias depois, outro engavetamento, desta vez no km 136, vitimou mais quatro pessoas. E, em ambos os casos, prevaleceu a combinação de imprudência com o mau estado de conservação dos veículos.
“Muitos deles, principalmente caminhões, transitam em péssimo estado de conservação. Os acidentes envolvem muitos motoristas que não respeitam as placas de sinalização, que transitam em velocidade acima da máxima permitida”, aponta o inspetor Fernando Oliveira. Segundo ele, os caminhões não conseguem frear a tempo quanto se depararam com obras, fiscalização ou outros obstáculos na pista, o que gera esses acidentes de grandes proporções envolvendo outros veículos. “Pelo tamanho, pelo peso, pela carga, todo caminhão em alta velocidade é uma tragédia em potencial. Sem contar os caminhões que transportam produtos perigosos”, destaca o inspetor. Segundo ele, dos 226 acidentes registrados neste ano, 42 foram graves.
Não por acaso, o trecho considerado mais perigoso pela PRF fica entre os quilômetros 123 e 132, que é justamente a área de serra. Como os veículos alcançam grandes velocidades em uma estrada bastante sinuosa, os riscos aumentam — e as ocorrências também.
De acordo com a CCR RodoNorte, que administra o trecho da BR-277 entre São Luiz do Purunã e Curitiba, 457 acidentes foram registrados na rodovia até junho deste ano — somando, inclusive, acidentes menores, que não são atendidos pela PRF. Em 2016, a concessionária registrou 996 acidentes em todo o ano, com 12 vítimas fatais. Em 2015, foram 1250 acidentes e 19 mortes.
A Caminhos do Paraná, que administra o trecho entre Palmeira e São Luiz do Purunã, também registrou aumento expressivo no número de vítimas fatais. De janeiro a julho, foram três mortes em 39 acidentes. Em 2016, no mesmo período, ninguém morreu em 47 acidentes. Em 2015, foram 38 ocorrências e uma vítima fatal.
Operação Serra Segura
Uma parceria entre a PRF-PR e as concessionárias que administram as rodovias de serra fiscalizou quatro mil caminhões desde dezembro de 2014. De acordo com policiais rodoviários, 30% dos veículos abordados apresentaram problemas sérios relacionados a pneus, freios ou amortecedores.
“Quando a irregularidade não provoca um risco iminente, o caminhão é liberado para resolver o problema. Quando o caso é grave, o caminhão é retido. E, em outros casos, os motoristas são condicionados a se dirigir a um mecânico e voltar à PRF para provar o reparo”, afirma o inspetor Fernando Oliveira.
A Operação Serra Segura fiscaliza as condições dos freios, pneus, suspensão e sistema de direção dos caminhões que transitam pelos trechos de serra nas rodovias federais do Paraná e envolve também os trechos que ligam Curitiba ao litoral do Paraná e de Santa Catarina.
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