Curitiba tem 902 casos confirmados de Covid-19 até essa quarta-feira (20), além de 1.821 descartados. Está entre as capitais com menos pacientes, assim como no comparativo do número de óbitos: 34. Segundo as autoridades sanitárias, o isolamento implementado no fim de março contribuiu para o achatamento da curva de contágio, mas, com o retorno das atividades comerciais e circulação de pessoas nas ruas, qual será o impacto sobre a disseminação do coronavírus na cidade?
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O índice de isolamento em Curitiba vem caindo gradativamente. Em 22 de março, primeiro domingo após o início da campanha para ficar em casa começar, 67% dos curitibanos ficaram em casa ou nas imediações, segundo dados da empresa In Loco, que faz monitoramento de sinais de celular. O padrão observado nos domingos anteriores na cidade era de 43% de isolamento. Em dias de semana, esse índice variava em torno de 27% a 30% antes das preocupações com o coronavírus surgirem; após as medidas de precaução, subiu para 54% a 57%.
Na semana após a Páscoa, o isolamento caiu para a faixa em torno de 43% a 47%, e a partir daí decaiu ainda mais. A primeira semana de maio registrou valores abaixo de 44% nos dias úteis, o que gerou preocupação nos gestores públicos. O consolo, diz o diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Alcides Oliveira, é que o relaxamento do isolamento coincidiu com o uso de máscaras em locais públicos e no comércio, e também foi adotado por muitas empresas e indústrias.
“A medida mais importante que o estado do Paraná e a capital tomaram foi o distanciamento social no início da circulação do vírus, na primeira quinzena de março. Sem dúvida nenhuma isso contribuiu muito para evitar o crescimento exponencial, como ocorre ainda nas grandes capitais do Sudeste, Nordeste e Noroeste. Com o aumento da mobilidade, seja com ônibus, carros, pessoas nas ruas, veio a medida do uso da máscara em locais públicos. Essa foi a segunda medida mais importante tomada”, afirmou Oliveira. A obrigatoriedade começou em 16 de abril.
A máscara foi importante, diz o gestor, porque muitas pessoas são assintomáticas, não demonstram estar infectadas, mas podem transmitir o vírus para pessoas que podem evoluir para casos graves. “Ninguém tem imunidade contra a Covid. Temos 1,8 milhão de habitantes em Curitiba, então são 1,8 milhão de pessoas suscetíveis à Covid. Por isso o uso da máscara vem contribuindo em muito para que não haja aceleração do número de casos. Já passamos a primeira quinzena de maio e em anos anteriores as doenças respiratórias já circulavam com maior intensidade, provocadas pelo vírus influenza, rinovírus, outros vírus respiratórios”, relatou Oliveira. Ele destacou que o coronavírus está em circulação por todos os bairros da cidade.
Uma situação que continua ocorrendo, diz Oliveira, são internamentos por síndrome respiratória aguda grave (SRAG). “Isso teve impacto, mas a taxa de ocupação de leitos não vem sobrecarregando como em outros municípios. Estamos em torno de 40% a 45% de ocupação, e olhando o tempo inteiro para esses indicadores, de número de casos confirmados, óbitos, internamentos e taxas de ocupação. Curitiba está num crescente mais lento, seguramente pela adesão da população, inicialmente ao distanciamento e agora pela máscara”, observou. A restrição de aglomerações, que continua, também é outro fator importante na prevenção à Covid-19, disse ele.
E o impacto do frio?
O outono tem sido ameno em Curitiba. Houve poucos dias de frio. A prefeitura continua alerta para ver o impacto das baixas temperaturas nos casos de Covid-19. “A lógica diz que haverá impacto, porque todos os anos nessa época aumenta a circulação de vírus respiratórios. As pessoas vão adoecer, então o sistema tem que estar adaptado para atendimento e, se necessário, para o tratamento”, afirma o diretor do Centro de Epidemiologia.
Os sintomas da Covid-19 aparecem de 2 a 14 dias após a infecção pelo vírus. Para tentar mapear o impacto da queda do isolamento e das temperaturas mais baixas com a doença, a Gazeta do Povo montou uma tabela mostrando as características de cada dia com o número de casos divulgados 14 dias depois. Confira:
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