Depois da Região Metropolitana, a falta de combustíveis causada pela paralisação nacional dos caminhoneiros já atinge Curitiba nesta quarta-feira (23). Em muitos deles, há filas de carros para o abastecimento. Em outros, todo o combustível já acabou. O desabastecimento, inclusive, chegou a fazer com que a Urbs planejasse deixar a frota de ônibus reduzida nas ruas nesta quinta-feira (24). A decisão, porém, foi revogada logo depois pelo prefeito Rafael Greca (PMN).
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Desde o fim da manhã desta quarta-feira (23), alguns postos de combustíveis da capital já estavam com os reservatórios vazios. A situação começou a se agravar perto do meio-dia, quando os motoristas fizeram filas nas bombas depois de saber que os manifestantes bloquearam os acessos às rotas de distribuição da Repar, a refinaria da Petrobrás, em Araucária.
Edi Correia, gerente posto Autoposto Rosane, no Alto da XV, disse que o etanol acabou antes do meio-dia desta quarta, e a gasolina comum acabou por volta das 12h30. “A procura aumentou em 30% a partir do meio-dia, quando os motoristas se deram conta de que a greve de caminhoneiros iria interferir na distribuição”, explicou a gerente.
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Segundo a Edi, o combustível acaba porque a maioria dos postos não trabalha com grandes estoques, mantendo um giro diário de entrada e saída nos tanques de armazenamento. Havia um carregamento previsto para chegar ainda pela manhã, mas não veio. Por volta das 13h45, a única gasolina que ainda tinha no estabelecimento era a aditivada. No entanto, a quantidade não duraria mais do que duas horas. Nas placas dos preços, o da gasolina comum e do etanol já tinham sido retirados.
Foi também por volta desse horário que o álcool acabou no posto Shell do Cabral, na esquina das ruas Manoel Pedro e São Luiz - a rápida sentido Centro. Conforme o dia foi passando e as filas foram se formando, no entanto, até mesmo os estoques de gasolina e gasolina aditivada terminaram, por volta das 19h. Sem nada para oferecer, os frentistas tiveram que dispensar todos os 20 motoristas que formavam fila no estabelecimento naquele horário, muitos dos quais chegaram a esperar mais de 20 minutos no entorno. Àquela altura, as filas de veículos para entrar no posto chegaram a ocupar uma pista de cada uma das ruas do cruzamento, complicando o trânsito na região. A cena se repetiu em vários bairros da capital.
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O empresário Roberto Osvaldo Heil, 59 anos, estava na fila do Posto Rosane e conseguiu completar o tanque com gasolina aditivada. Ele disse que ficou sabendo da falta de combustível depois de ler a notícia no jornal. Por morar nas proximidades do posto, foi o primeiro local em que parou. “Uso muito o carro para trabalhar e não posso ficar sem combustível. Por isso, decidi completar o tanque para me garantir”, explica.
O administrador Gilberto Farfud, 67, disse que estava com o tanque na reserva e iria abastecer de qualquer jeito nesta quarta. “Não estou tão preocupado porque em Curitiba demora mais tempo para acabar o combustível, embora alguns postos já estejam com falta”, disse.
No bairro Cabral, Sidney Alves Cordeiro, coordenador do Posto Cabral, tinha na metade da tarde ainda 10 mil litros de gasolina comum, 5 mil de etanol e 8 mil de gasolina aditivada, mas se a greve continuar vai faltar combustível. “Nos grupos do WhatsApp que faço parte, outros donos de postos já demonstram preocupação. Se a greve continuar não tem o que fazer, vai faltar combustível”, enfatiza.
Considerando um carro com tanque com capacidade de 45 litros, a quantidade de combustível mencionada por Cordeiro – um total de 23 mil litros -, daria para abastecer cerca de 510 carros que completassem o tanque. Como a procura neste posto dobrou, segundo o coordenador, essa quantidade de combustível que foi registrada às 14h40 terminaria até o início da noite desta quarta.
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