Quem presta atenção aos barulhos do céu durante uma tempestade já deve ter reparado que o período de verão costuma ter mais raios. Mas não é só isso: janeiro é o mês com maior incidência de descargas elétricas ao longo de todo o ano em Curitiba. Quem atesta é o físico Armando Heilmann, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Grupo de Pesquisa em Fenômenos da Eletricidade Atmosférica (FEA).
Segundo Heilmann, janeiro tem uma tendência de ter mais raios por causa das tempestades de verão. De acordo com o professor, tudo começa com o forte calor na superfície ao longo do dia durante esta época. Isso faz com que a atmosfera tenha mais umidade, que se transforma em nuvens carregadas. Na nuvem, as gotas de água se movimentam, gerando atrito entre si e deixando a nuvem eletrificada. “Por isso, quanto mais alta a temperatura, mais raios durante a tempestade”, resume o professor.
A incidência dos raios ao longo dos meses do ano foi verificada em um estudo desenvolvido no Litoral do Paraná, em 2017, pelo FEA em parceria com o Instituto Simepar. Analisando dados meteorológicos de 1997 a 2015, a pesquisa identificou que, conforme os termômetros descem, diminui também a quantidade de raios. Assim, fevereiro está em segundo lugar no número de descargas elétricas e março em terceiro, empatado com dezembro. Apesar estudo ter analisado a região litorânea, o professor explica que o padrão em Curitiba e região é muito similar.
Para quem quer fugir das descargas, é bom saber que o horário com maior ocorrência, durante o verão e a primavera, é entre 16h e 20h. “É nesse período que costumam vir as chuvas de verão, geralmente acompanhadas de ventos fortes e às vezes até granizo”, orienta Heilmann.
Ranking nacional e estadual
Com pouco mais de 4,5 raios por km² por ano, Curitiba está na posição 1.916 entre as 5.570 cidades brasileiras registradas no censo 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo número de incidências. Os dados foram levantados pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat-Inpe), que acompanha as descargas elétricas de todo o país.
No Paraná, enquanto isso, a capital está na posição 223 de 399 municípios listados pelo IBGE. A cidade com mais raios no estado é Foz do Iguaçu, com índice de 14,93 ocorrências por km² por ano, segundo o Elat.
Mais raios, mais perigo
A grande quantidade de raios do mês de janeiro representa, naturalmente, maior perigo de choques. E para escapar de qualquer possibilidade de ser atingido pelas descargas, o professor dá uma dica fundamental. “O maior indicativo de que um raio está a caminho é o trovão. Assim que o barulho for ouvido, deve-se ir até um local protegido e permanecer por pelo menos meia hora, para ter certeza de que não há riscos”.
Mas, atenção: não adianta tentar se proteger debaixo de árvores e guarda-sóis, por exemplo, locais com maior probabilidade de atrair a descarga. Também devem ser evitados, conforme o professor, veículos conversíveis, campos abertos, topos de morros e a proximidade com janelas, tomadas, varais metálicos, entre outros.
Colaborou: Cecília Tümler
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