No primeiro dia de funcionamento, o sistema para tentar barrar os fura-catracas nos ônibus de Curitiba já mostrou que não será suficiente para obrigá-los a pagarem passagem. Os anteparos - uma espécie de gradil entre as portas do coletivo e a plataforma - foram instalados nas portas 1 e 5 da estação-tubo do Passeio Público, a que mais sofre com invasões, no Centro. Mas logo depois que o sistema começou a funcionar, a reportagem do telejornal Meio-Dia Paraná, da RPC, flagrou em pouco minutos três jovens burlando o obstáculo recém-instalado.
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A tentativa de conter os fura-catracas é uma demanda antiga do município. O Sindicato das Empresas de Transporte de Curitiba (Setransp) estima que o prejuízo deixado por quem entra nos coletivos sem pagar a passagem chega a R$ 6 milhões por ano - o equivalente ao valor de cinco biarticulados novos. A Urbs, que gerencia o transporte coletivo na capital, também admite que o rombo pesa no bolso da população, já que o preço da tarifa é definido com base no número dos passageiros pagantes. Como não entram nessa conta, os fura-catracas acabam encarecendo o valor final pago por quem usa os coletivos.
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“Vamos avaliar daqui para frente se as invasões diminuem e, se funcionar, a ideia é expandir gradualmente a instalação desses anteparos para outras estações-tubo”, disse o diretor executivo das empresas de ônibus de Curitiba e Região Metropolitana, Luiz Alberto Lenz César. “É uma forma de protegermos o passageiro que paga a tarifa e vê o valor encarecer por conta daqueles que se acham no direito de invadir o ônibus”, afirmou.
O Setransp disse que o custo da implantação dos gradis está sendo bancado pela Viação Glória, uma das empresas de transporte que opera na capital. Sobre o fato de o obstáculo já ter sido transposto por alguns passageiros, o sindicato informa que esse primeiro anteparo servirá como teste e que, dependendo dos resultados, poderá passar por adaptações para se tornar mais efetivo.
Sem multa
Em 2016, vereadores de Curitiba aprovaram uma lei que prevê multa de 50 vezes o valor da tarifa vigente - hoje em R$ 4,25 - a quem for flagrado furando as catracas das estações-tubo e terminais. Mas, sem regulamentação, a norma nunca chegou a ser aplicada.
Levantamento feito em 2018 pelo Setransp aponta que, em média, 3.995 pessoas pulam a catraca diariamente ao embarcar nas estações e terminais. A estação-tubo Passeio Público no sentido Capão Raso, que recebeu o anteparo nesta manhã, segue na dianteira entre as estações mais invadidas em Curitiba. Nos sete dias pesquisados pelo sindicato, 1.462 pessoas invadiram a estação no sentido Santa Cândida e 378 no sentido Capão Raso.