Viatura da Corregedoria da PM em frente ao Tribunal do Juri, onde 12 PMs são julgados pela acusação de extermínio.| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

O maior julgamento da história da Justiça paranaense entra nesta quinta-feira (5) em seu 2°. dia com o início dos depoimentos das testemunhas de defesa dos 12 policiais militares acusados de executar cinco rapazes em 2009 em Curitiba. Um 13º PM também acusado está foragido.

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As primeiras das 46 testemunhas devem começar a ser ouvidas na parte da tarde, já que o período da manhã deverá ficar com o interrogatório das últimas três testemunhas de acusação selecionadas. Para o advogado dos PMs, Claudio Dalledone, a quinta-feira será um dia importante porque será o momento em que a defesa irá apresentar o histórico de criminalidade dos jovens mortos na ação policial.

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“Vamos apresentar mostrar que tratavam-se de jovens perigosos, fortemente armados, que roubavam e que tentaram colocar a vida dos policiais e do restante da sociedade em risco”, afirma Dalledone. De acordo com o advogado, três das testemunhas que começam a ser ouvidas nesta quinta foram vítimas dos cincos rapazes no mesmo dia em que eles foram mortos no suposto confronto com a polícia.

A reportagem não conseguiu contato com os promotores que acusam os policiais.

Previsto para durar três dias, o julgamento deverá tomar mais tempo da Justiça. Além das dez testemunhas de acusação, das 46 testemunhas de defesa e do depoimento dos 12 réus, advogados e promotores entram em debates de 2h30 cada um. Se o MP-PR pedir réplica, que é de uma hora e meia, defesa tem direito a tréplica do mesmo tempo.

Nesta quarta, no 1° dia da audiência, doze policiais militares se apresentaram ao júri. O 13° envolvido no caso está desaparecido.

O caso

As mortes pelas quais os PMs são julgados aconteceram em 11 de setembro de 2009. Na versão dos policiais, equipes das Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) teriam perseguido um veículo Gol suspeito de ser roubado e ocupado por cinco rapazes pelo bairro Alto da Glória. O carro acabou batendo no divisor da pista e os ocupantes teriam desembarcado atirando.

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Na troca de tiros, dois dos rapazes teriam sido baleados e os outros correram para um terreno próximo. Neste local, teria havido novo confronto e todos os jovens acabaram baleados. Davi Leite de Freitas, Josemar Bernardo, Thobias Rosa Lima, Salatiel Aarão Rosa Lima e Éderson Miranda foram encaminhados pelos próprios policiais ao Hospital Cajuru e teriam morrido no caminho.

Entretanto, investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) à época aponta que os cinco jovens foram dominados pelos policiais no momento da abordagem e posteriormente levados até o bairro Atuba, onde teriam sido executados.

As viaturas foram flagradas por um radar da Urbs passando juntas em direção ao Atuba. Essas viaturas contavam com um sistema de monitoramento GPS e o trajeto percorrido por elas ficou registrado, confirmando a saída do Alto da Glória até o Atuba, onde permaneceram por cerca de seis minutos, para somente então se deslocarem ao Hospital Cajuru.

O caso é emblemático porque a partir dele a Polícia Militar ficou proibida de remover feridos em confrontos armados para o hospital - função que, por determinação do próprio governador à época, o hoje senador Roberto Requião (PMDB), ficou exclusivamente para as ambulâncias do Siate.