Laudo da Polícia Científica entregue à Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam) da Polícia Civil nesta terça-feira (6) sustenta que falta de segurança durante a aplicação da solução impermeabilizante foi a causa da explosão do apartamento no bairro Água Verde, em Curitiba, no fim do mês de junho. O acidente feriu três pessoas e matou um menino de 11 anos. Segundo o documento, sem as medidas de prevenção necessárias, o acionamento do fogão pela proprietária do imóvel no momento da impermeabilização foi apenas a ignição da explosão.
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As análises, que ajudarão a compor o inquérito final sobre o caso, detectaram a presença de dois produtos voláteis e inflamáveis no apartamento - hexano e isopropanol -, que não envolviam o gás de cozinha. Para a perícia, o fato sustenta a conclusão de que explosão foi causada unicamente por conta do serviço de impermeabilização de sofá, feito sem os procedimentos de segurança.
“Eles precisavam estar longe de chamas e equipamentos elétricos deveriam ser retirados da tomada, como uma geladeira, porque podem gerar uma faísca e ser o suficiente para dar ignição, além do local bem ventilado para a execução do serviço”, explicou perita que trabalhou no caso, Ângela Andreassa.
Desta forma, os resultados vão ao encontro dos depoimentos prestados pelos donos do imóvel e de outros funcionários da empresa que prestava o serviço de impermeabilização no apartamento, a Impeseg. As declarações afirmam que o técnico Caio Santos, de 30 anos, não orientou os proprietários sobre os riscos e os cuidados necessários durante o serviço. Santos, por sua vez, afirmou ter alertado os moradores das condições.
Tanto o técnico como o casal dono do imóvel ficaram feridos. Gabriel Araújo, 27 anos, e Raquel Lamb, 23, que são casados, tiveram queimaduras graves. Araújo teve alta nesta segunda (5) e Raquel permanece internada, em estado estável. O irmão dela, Mateus Lamb, de 11 anos, morreu após ser arremessado por conta do impacto da explosão.
Inquérito
A entrega do laudo pericial será primordial para a conclusão do inquérito, que deve ocorrer na semana que vem. De acordo com o delegado Adriano Chohfi, da Deam, a conclusão da falta de segurança é o ponto-chave para o documento da polícia. “A questão de segurança foi colocada em último plano, essa é a nossa conclusão. Por esse motivo há a prática de crime, as pessoas responderão por esse crime”, enfatiza.
O inquérito deve indiciar o casal dono da empresa Impeseg, José Roberto Porto Correa e Bruna Formankuevisky Lima Porto Correa, e Caio Santos por três crimes: homicídio, ou na modalidade culposa ou a dolosa, explosão e lesão corporal.
O delegado acredita que não será preciso ouvir mais testemunhas para a conclusão do inquérito "Acredito que o que já produzimos de prova é o suficiente para demonstrar a nossa opinião", destaca.
Procurada pela reportagem, a defesa do casal dono da empresa alegou que ainda não teve acesso aos laudos. A defesa de Caio Santos disse que não irá se manifestar sobre o assunto no momento.