Osvaldo Pereira, o primeio DJ brasileiro estará em Curitiba neste sábado.| Foto: Divulgação

Osvaldo Pereira foi o primeiro DJ a animar um baile no Brasil com um sistema de som mecânico há 61 anos. Ainda na ativa, hoje aos 84 anos, ele estará no comando do Baile Bom Nostalgia da Sociedade Treze de Maio neste sábado (17) com sua Orquestra Invisível Let’s Dance.

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A festa começa às 20h30 e os ingressos custam R$ 20, o individual, e a mesa, para quatro lugares, R$ 75. São vendidos pelo aplicativo do evento.

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A história de seu Osvaldo é chave para entender o fenômeno da música eletrônica no Brasil e a origem do movimento black no país. Na década de 1950, a noite de São Paulo vivia o auge da “era da jazz band”, nome dado às orquestras que animavam os bailes dançantes.

Estas festas eram os grandes acontecimentos sociais de então com músicos e dançarinos vestindo traje de gala nos clubes da cidade. As festas eram, contudo, proibidas, principalmente pelo preço à população de baixa renda, grupo que incluía grande parte da população negra dos bairros operários da periferia.

Eis que surge a figura do “homem certo na hora certa”, no bairro de Vila Guilhermina, na zona leste paulistana. Seu Osvaldo, que era técnico em eletrônica, criou a solução: o fim do apartheid boêmio e ao mesmo tempo se tornou o primeiro disk jóquei nacional, fazendo o povo dançar sem um orquestra de músicos e seus instrumentos.

No livro Todo DJ já Sambou (Ed. MusicNonStop, 2003), em que Claudia Assef conta a história da musica eletrônica brasileira,  sabemos que Osvaldo trabalhava numa loja que era, ao mesmo tempo, revendedora de LPs e assistência técnica de aparelhos eletrônicos. Quando não estava consertando rádios, Osvaldo ficava como vendedor na pequena seção de discos que havia ali.

“Fã de música desde criança, o técnico ficava frustrado por não poder frequentar os bailes nos salões bacanas”, relata o livro. Decidiu por a mão na massa e construiu um sistema de som no ano de 1958.

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Com seu toca-discos dinamarquês marca Torris, um amplificador de três caixas de som de 100 watts, Osvaldo convenceu um amigo, que era proprietário do Clube 220, que lhe emprestasse o salão aos domingos. O sujeito não só topou como batizou a empreitada “Orquestra Invisível Let’s Dance”.

“Um nome sugestivo, muito bonito”, disse o próprio Osvaldo ao contar sua história no documentário (veja o filme abaixo) que tem o mesmo nome de sua aparelhagem, dirigido por Alice Riff.

O curta metragem resgata algumas de suas histórias, fotos antigas e leva Osvaldo à sua cidade natal, Muzambinho, no interior de Minas Gerais.

Narrado por outra lenda da discotecagem, o Grandmaster Ney, sobrinho de Osvaldo, mostra algumas cenas raras, como as festas que contribuíram para que a música da comunidade negra se organizasse contra o racismo.

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No filme, Osvaldo conta que nos primeiro bailes com a vitrolinha Torris, ele mantinha as cortinas fechadas nas primeiras músicas para que o público se surpreendesse ao ver que não havia uma orquestra real no palco, mas bolachas de 78 e 45 rotações.

A dinâmica dos primeiros bailes não era muito diferente daquela que a Orquestra Invisível Let’s Dance mantém nas festas de nostalgia como a que fará no sábado. Osvaldo  começava esquentando o salão com música orquestrada de big-bands. Depois passava para gêneros animados como o swing, fox trot, twist e o recém-nascido rock’n roll, até chegar nos sambas e soul animados de artistas internacionais e brasileiros. No final, para alegria dos casais musicas lentas para dançar juntinho.