Os últimos oito anos da vida do flautista Adriano Trarbach fluíram no andamento prestíssimo, uma das formas mais aceleradas da música erudita.
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Um ciclo de eventos começou quando, aos nove anos, impressionou professores de música em um projeto social em Almirante Tamandaré e se encerrou com o concerto que fez há um mês na Capela Santa Maria, em Curitiba.
A apresentação foi um “até logo” do músico que aos 17 anos está definitivamente de mudança para Hamburgo, na Alemanha. No mês de setembro, ele inicia a graduação em bacharelado em música na Hochschule für Musik.
À beira do rio Elba, Hamburgo é uma das cidades alemãs que respiram música clássica e fazem do país o núcleo mais importante da cultura erudita na Europa.
Adriano nasceu no Rio Grande do Sul, mas cresceu no bairro do Bonfim, na periferia de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba.
Lá, há oito anos, o músico se tornou aluno do projeto Dorcas. O projeto social fica às margens da Rodovia dos Minérios e oferece aulas de música (canto coral, flauta e metais através do Projeto Música no Bairro), reforço escolar (alfabetização, matemática e português), educação artística e esportes. Desde 1996, atende cerca de 150 crianças e adolescentes de 7 a 21 anos durante o contra turno escolar.
Iniciativa que abre portas para jovens como Adriano, que tenham talento e vontade, mas não recursos para pagar por educação formal.
Adriano conta que chegou no projeto “sem nunca ter tocado nenhum instrumento, sem ter ideia do quais eram as notas musicais ou do que era uma escala”.
Sua afinidade instantânea com a flauta doce, porém, lhe abriu portas. “A minha primeira professora viu que eu tinha talento e eu gostei muito do instrumento”, disse.
Ele passou a tocar a flauta o tempo todo. “Minha mãe não me aguentava mais. Eu me escondia no banheiro para seguir ensaiando e tirando as músicas que eu queria. Foi bom, pois ajudou a aprimorar meu ouvido”, conta.
A professora Renate Weiland, coordenadora do Projeto Música no Bairro lembra do início promissor. “Desde o início, seu talento, dedicação, disciplina e foco, eram marcantes. Por isso, fico emocionada de vê-lo reconhecido”, disse a música.
Carreira ascendente
Em 2012, o músico foi aprovado em teste na Escola de Belas Artes do Paraná (EMBAP) como aluno convidado das aulas de teoria musical, orquestra de câmara e outras atividades.
Logo em seguida recebeu uma bolsa de estudos no Colégio Martinus, onde, além do currículo regular, iniciou seus estudos de línguas estrangeiras.
Entre 2014 e 2016, Adriano participou como bolsista das Oficinas de Música da Fundação Cultural de Curitiba. E, em 2016, foi contemplado com um intercâmbio em Hamburgo, cidade nasceu o compositor Joahanes Brahms (1833-1897).
Lá foi acolhido por uma família local, onde vive até hoje. Com o apoio deles, participou como violoncelista da audição para fazer parte da recém-inaugurada Elbphilharmonie – um dos mais importantes centros musicais europeus.
Desde então, foram uma série de prêmios e reconhecimentos públicos.
O frio, a mobilidade urbana e a forma de interagir com professores e colegas foram algumas das diferenças culturais que impactaram a vida de Adriano na Alemanha.
O artista conta que a música é hoje uma forma de agradecer o apoio para não deixar que sua chance escapasse. “A vida é feita de escolhas. Basta que façamos as certas e tudo se encaminhará, até mesmo de uma maneira que nem imaginamos”.
Seu projeto de futuro, conta, é se formar e trabalhar para ajudar a família e novos aspirantes a músico. Nessa última visita ao Brasil, ele trouxe uma flauta nova que comprou e doou ao projeto social que o revelou. “Quero fazer tudo o que eu puder para contribuir direta ou indiretamente ”.
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