Metade dos cinemas de Curitiba já estão adaptados às regras de acessibilidade para espectadores cegos e surdos que passam a valer, sob pena de multa, para todos os cinemas do Brasil a partir do dia 1º de janeiro de 2020.
Um levantamento feito pela Gazeta do Povo identificou que dos 20 espaços com salas de cinema em Curitiba e região metropolitana, nove já estão adaptadas com equipamentos e tecnologia de recursos de legendagem, legendagem descritiva, audiodescrição e Língua Brasileira de Sinais (Libras) descritiva como recomenda uma Instrução Normativa da Agência Nacional do Cinema (Ancine).
A determinação que vale em todo território nacional previa que no último dia 16 de setembro 35% do total das salas já deviam ter sido adaptadas. No primeiro dia do ano de 2020 100% delas precisam estrar prontas.
Apenas UCI Estação, UCI Palladium, Espaço Itaú, Cinemark Mueller e todos os cinemas da rede Cinesystem (Ventura, Curitiba e Cidade) já têm salas 100% adaptadas à regra federal de acessibilidade.
O Cineplus do Shopping Jardim das Américas foi o primeiro cinema 100% adaptado do Brasil.
A reportagem procurou todas as redes de cinemas que mantêm salas ativas em Curitiba. As salas da Rede Cinemark (Barigui e São José) e a Rede Uniplex Colombo informaram que já iniciaram o processo de instalação nas unidades.
As demais salas da Rede Cineplus e o Imax Palladium informaram que ainda não têm um cronograma de instalação.
Entre os cinemas públicos de Curitiba, o Cine Passeio informou em nota que está em processo de instalação dos equipamentos dentro do prazo legal e também vai treinar a equipe “para atender da melhor forma este público, fazendo com que se sintam acolhidos e igualmente respeitados em nosso espaço”.
Como não são salas comerciais, a Cinemateca de Curitiba e o Cine Guarani não entram no escopo da regra da Ancine.
Segundo o secretário-executivo da Ancine, João Pinho, em entrevista ao EBC, os testes e a validação de equipamentos de acessibilidade devem ser devem realizados nos primeiros meses do ano que vem.
O secretário explicou que ainda não há dados sobre a utilização dos recursos de acessibilidade nas salas e que este registro será feito, a partir do ano que vem, pelo sistema de contabilidade oficial bilheteria dos cinemas do país vai trazer essa informação.
Os cinemas que não estiverem adaptados no prazo legal são passiveis de notificação e multa.
Como é a regra
No caso da adaptação das salas de cinema para espectadores cegos ou com deficiência visual, a norma da Ancine define áudiodescrição como “a narração visual roteirizada em língua português adaptada ao som original da obra”.
Pela regra, a descrição é feita através de fones individuais e precisa ambientar o espectador cego ou deficiente visual da linguagem corporal, estado emocional dos personagens, descrição os figurinos e cenários e localizar a origem dos sons importante para o entendimento da trama.
Já legendagem descritiva é a forma de acessibilidade para surdos e ensurdecidos e consiste na transcrição do texto oral para texto escrito ou para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) no caso de filmes brasileiros sem legenda.
A legendagem deve conter informações sobre efeitos sonoros como explosões, música, som ambiente, silêncios situações como riso ou choro.