A rede Cinépolis escolheu Curitiba para lançar seu mais novo produto: a Sala de Arte, totalmente voltada à exibição de filmes do circuito de arte e também para a exibição de filmes clássicos.
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A criação da sala mostra uma preocupação de longo prazo da gigante rede mexicana em formação de público e na atração de espectadores de perfil diferente daquele que já frequenta as suas salas.
Segundo o presidente da empresa no Brasil, Luiz Gonzaga de Luca, o movimento é uma reação a um erro de avaliação do mercado exibidor na época em que surgiram os multiplex, no final da década de 1990.
“Naquele tempo se criou um padrão, eu até achava divertido, de que haveria uma diferença entre o cinema-café (filmes de autor e de arte) e cinema-pipoca que são os blockbusters. Foi um tiro no pé”, disse.
Segundo Gonzaga, esta divisão serviu para massificar os lançamentos - cada vez menos filmes em mais salas - e afastar um público potencial que a empresa tenta agora recuperar.
“A década de 1990 foi o auge do cinema de arte no Brasil. 10% do público frequentava salas de cinema de autor. Relegado a um gueto, este público de cinema de arte não cresceu, mas reduziu e envelheceu. Hoje chega só a 3%”, explica.
Por outro lado, os multiplex de cinema-pipoca lançam atualmente uma média de apenas 20 filmes por ano, o que é “péssimo para a formação de público” segundo Gonzaga, sobretudo em um momento de ascensão das plataformas de streaming.
“Lançar apenas 20 filmes por ano é insutentável. Precisamos formar público e vamos apostar, mesmo que no primeiro momento a gente apanhe. Isso é uma estratégia mundial da empresa”, revela.
Projeto estreia em Curitiba
Curitiba foi escolhida para ser a primeira cidade do Brasil a receber as salas do novo formato por que o espaço físico do Pátio Batel era apropriado e porque a cidade tem uma tradição de espectadores de filmes de autor. "Curitiba respira cultura, faz todo o sentido que a primeira sala seja aqui".
A intenção da Cinepólis é abrir 25 salas em todas as regiões do país ate 2020. Em Curitiba a sala tem 54 lugares, sendo 3 especiais para cadeirantes.
O preço dos ingressos variam de R$ 55 a R$ 58 (entrada inteira) e R$27,50 e R$ 29 (meia-entrada).
A programação da sala é semanal. Assinante do Clube Gazeta do Povo tem 50% de desconto nos ingressos do cinema.
Programação
A curadoria é feita por Luiza Honda e neste mês de novembro estão programados cinco filmes: o A Vida Invisível, de Karim Aïnouz, o argentino Odisseia dos Tontos, o mexicano A Camareira, o argelino Papicha e o sul coreano Parasita.
Para a curadora, os primeiros meses serão um termômetro para a reação do público.
“Não vamos ter resultados estrondosos, mas vamos apostas numa variedade grande de diretores, De filmes do mundo inteiro que tenham relevância social e cultural”.