Retrato a óleo pintado pela artista paranaense Iria Correia.| Foto: Reprodução.

Há um único nome de artista paranaense entre os mais de 100 trabalhos que integram a mostra coletiva “Histórias das mulheres: artistas até 1900” em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (MASP) entre 23 de agosto a 17 de novembro de 2019.

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Dois quadros da artista parnanguara Iria Correia (1839- 1887), pioneira das artes plásticas no estado, compõem a mostra ao lado de pinturas canônicas da arte ocidental – como as da renascentista italiana Sofonisba Anguissola (1532-1625).

A mostra com curadoria de Julia Bryan-Wilson, Mariana Leme e Lilia Schwarcz reposiciona a obra de artistas que trabalharam entre os séculos 16 e 19, quando o cenário das artes plásticas foi dominado pelo universo masculino.

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Iria nasceu, cresceu e morreu em Paranaguá. Da então culturalmente agitada cidade litorânea, sem nunca ter visitado um grande museu, a artista conseguiu confrontar uma condição cultural que relegava a colaboração artística feminina às “prendas domésticas”.

Nascida numa família abastada, Iria conseguiu - bem como seus oito irmãos – ter uma educação privilegiada. Estudou no Colégio James dirigido por duas norte-americanas, a pintora Jessica e sua filha Willie James.

Além das disciplinas tradicionais, a instituição em Paranaguá oferecia aulas de artes, como dança, música, desenho e bordado. Com essa base escolar e o incentivo da senhora Jessica, Iria, ainda adolescente, começou a pintar seus primeiros quadros.

Em seu livro Dicionário das Artes Plásticas no Paraná, a historiadora e crítica de arte Adalice Araújo diz que as primeiras pinturas de Íria “são naturezas mortas, temas religiosos e miniaturas”. Na sequência, ela passou a se dedicar aos retratos, que incluem personalidades como seu avô, o coronel Correia Velho, e a família do Visconde de Nacar.

Um dos marcos da carreira de Íria é sua participação na Exposição Provincial do Paraná, realizada em Curitiba , entre junho e agosto de 1866. Na ocasião, ela expõe várias obras ao lado de nomes importantes da pintura nacional da época.

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As duas pinturas expostas no MASP são dessa época, fazem parte do acervo do expostas no Museu Paranaense, em Curitiba.

A frente de seu tempo
Iria viveu à frente de seu tempo. Além do reconhecimento como pintora e professora, ela foi, segundo relatos, uma das primeiras mulheres paranaenses a subir em um palanque para fazer discursos políticos em público.

Com seu trabalho, lecionando e pintando quadros e leques, chegou a sustentar a família após a morte do pai, Joaquim Cândido Correia.

Ela hoje é lembrada como a grande pioneira das artes plásticas no Paraná. A primeira mulher a se dedicar profissionalmente à pintura no estado, ainda que muitas vezes seu nome não seja tão lembrado como artistas mais jovens como Alfredo Andersen (1860-1935) e Guido Viaro (1897-1971).

A importância da obra da parnanguara pode ser resumida em uma citação de Adalice Araújo em seu já citado dicionário: “Íria Correia é caso típico de artista que deve ser analisada dentro das condições sociais de sua época; em vez de se enfatizar as deficiências de sua formação técnica, deve-se entender a sua invulgar sensibilidade e valor artístico, que se eleva muito acima de seu tempo”.

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