Da mesma forma que em várias cidades do país, manifestantes foram às ruas de Curitiba para protestar contra a decisão do STF de transferir à Justiça Eleitoral os casos de crimes comuns (como lavagem de dinheiro e corrupção) associados a crimes eleitorais, como caixa dois, e apoiar a operação Lava Jato, que completa cinco anos. O protesto, liderado pelo MBL, teve adesão modesta.
Uma chuva forte caía às 15 horas, quando começou a manifestação. Algo em torno de 300 manifestantes (de acordo com o MBL), alguns com guarda-chuvas, outros se espremendo nas marquises para se abrigarem do mau tempo, ouviam as lideranças do MBL protestarem contra a decisão do STF; palavras como “querem acabar com a Lava Jato”, “isso é uma vergonha” e “a nossa bandeira jamais será vermelha” eram ouvidas no carro de som.
José Luiz Scheffer, conhecido como “Zé Scheffer”, uma das lideranças do MBL na manifestação de hoje, considera a decisão do STF “uma arbitrariedade” e acusa a corte de favorecer políticos envolvidos em corrupção que, segundo ele, “são aqueles que os colocaram lá”. Ele aponta que a manifestação tinha como objetivo pedir ao Supremo que “aja de acordo com a lei”, reforça que “quem tem o poder de criar leis é o Congresso e não o STF”, e lamenta enfraquecimento da operação Lava Jato: “perdemos uma batalha, mas não a guerra”.
Enquanto lideranças se revezavam ao microfone, a chuva foi diminuindo até cessar, e a concentração de pessoas aumentou.
Opinião da Gazeta: Combate à corrupção, o grande derrotado no STF (editorial de 15 de março de 2019)
Em meio à aglomeração, o deputado estadual Subtenente Everton (PSL), que se descreveu como “participante do povo brasileiro”, disse que a decisão do STF à luz da Constituição foi legitima, porém pede que o tribunal leve em conta “o momento político e social pelo qual o país esta passando”. Encerrou dizendo que a operação Lava Jato “é necessária” e que falta muito para o Brasil alcançar o mesmo patamar dos países mais desenvolvidos.
A manifestante Maria Isabel Perioto, 58 anos, disse que “apoia desde sempre a Lava Jato” e pediu a mobilização da população brasileira para “combater a decisão do STF” a fim de que a operação “não volte à estaca zero”, segundo ela, isso resultaria numa “população mais triste e sem esperança”. “Precisamos acreditar!”, concluiu.
Para José Luiz Scheffer, mesmo com a chuva que atingiu a cidade, o número de pessoas ficou acima de suas expectativas. A Polícia Militar informou que no total 3.000 pessoas participaram da manifestação, que foi encerrada com o Hino Nacional e o pedido de recitação do Pai Nosso (que foi murmurado por boa parte dos manifestantes).
O domingo levou vários manifestantes em todo país a saírem às ruas para manifestar apoio à operação Lava Jato. No Rio de Janeiro, a concentração dos manifestantes foi em Copacabana, no Posto 4, e reuniu, conforme apurado pelo portal UOL, algumas dezenas de pessoas, que carregavam uma faixa gigantesca onde se lia: “Vergonha”.
Em frente ao STF, em Brasília, houve aglomeração de pessoas em protesto. Cerca de 100 manifestantes, de acordo com a Polícia Militar, entoaram o Hino Nacional e declararam apoio à Lava Jato. A representante do movimento Vem pra Rua em Brasília, Celina Gonçalves, considera a decisão do STF inadequada. Ela disse temer que a tramitação desse tipo de crime na Justiça Eleitoral fique travada e que os atos prescrevam. As informações são da Agência Brasil.