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Muitos passageiros do ônibus Alferes Poli simplesmente não pagam passagem. Outros, traficam drogas sem ser incomodados. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Muitos passageiros do ônibus Alferes Poli simplesmente não pagam passagem. Outros, traficam drogas sem ser incomodados.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O episódio em que o motorista foi obrigado por um grupo de passageiros que invadiu o ônibus a transportar um toldo no começo deste mês só escancarou o antigo problema de falta de segurança na linha Alferes Poli. Há pelo menos dez anos a linha é alvo de marginais e usuários e traficantes de drogas, sem que a Urbs - responsável por gerenciar o transporte público em Curitiba -, a Guarda Municipal e a Polícia Militar consigam conter os constantes casos de violência. O resultado é que a linha, que vai do Centro de Curitiba ao Parolin, é conhecida como a linha do terror.

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Um passageiro que prefere não se identificar afirma que os ônibus da linha são constantemente utilizados para transporte de entorpecentes. “Canso de ver gente levando drogas do bairro para o Centro. E quando a polícia faz batida, tira os moradores de rua de dentro do ônibus, mas deixa esses traficantes ali”, reclama. “Esses caras falam abertamente que estão levando drogas e isso me revolta. Tinham que acabar com essa linha de vez para diminuir o tráfico no Centro”, defende.

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Em relação aos objetos transportados, um motorista que trabalha na linha diz que ser obrigado a levar coisas estranhas no coletivo faz parte do dia a dia. “Já levei geladeira, fogão e até uma cadela com 14 cachorrinhos”, conta. A passageira Thais Miranda, 20, confirma a situação e garante que o fato é recorrente. “Eu já andei no ônibus com pessoas que estavam levando moto para vender, armário e até dois carrinhos de mercado cheios de compras”, comenta.

No começo de outubro, motorista foi obrigado por um grupo de passageiros a transportar um toldo na linha Alferes Poli.Divulgação Sindimoc

Segundo ela, as pessoas enxergam a linha como um transporte à disposição da comunidade, então carregam o que querem e não pagam passagem. “Para não dizer que ninguém paga, alguns idosos passam o cartão porque são isentos”, comenta Thais. Além disso, ela afirma que até quem entra pela porta dianteira viaja de graça. “A pessoa passa pelo lado da catraca, que já está frouxa de tanto que o povo passa por ali”.

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O passageiro Luciano, 27, e que prefere não dar o sobrenome, está entre os passageiros que não pagam passagem. Desempregado há oito meses e pai solteiro, ele utiliza a linha para economizar. “Eu moro no Parolin e sempre venho para o Centro nesse ônibus pra não pagar a passagem. Sei que é errado, mas é a opção que tenho”, explicou o rapaz, que não recomenda o uso da linha. “Para quem tem condição de pagar a passagem, é bem melhor ir com outro ônibus porque esse aqui é complicado”, pontua.

Constrangimento

Uma auxiliar de limpeza de 33 anos que também prefere não revelar o nome afirma que passa medo diariamente na linha. Moradora do Parolin , ela utiliza a linha para ir e voltar do trabalho. “Pela manhã é bem tranquilo porque são apenas trabalhadores, mas no retorno vão muitos usuários de drogas e o cheiro é insuportável”, reclama. “Sem contar que um deles estava em pé ao lado do meu assento esses dias e quase sentou na minha cabeça. Eu falei para ele não encostar em mim e ele ainda foi grosso comigo”, lamenta.

O cabeleireiro Daniel Messias, 29, conhece bem essa realidade perigosa. Tanto que já chegou até a enfrentar usuários de crack dentro do ônibus. “Eu levo meus filhos nessa linha e não posso admitir uma situação dessas, então, quando vi o cara usando crack, briguei com ele e fiz ele descer”, afirmou, admitindo que correu risco na atitude. “Todos precisam da linha, então é necessário ter respeito”, completa.

Urbs conhece o problema

A Urbs – empresa responsável pelo transporte coletivo em Curitiba – afirma conhecer a realidade da linha, principalmente em relação aos fura-catracas, mas não possui dados que apontem o prejuízo causado. Além disso, explica que a Polícia Militar e a Guarda Municipal sempre são comunicadas quando há problemas.

No entanto, informa que não há possibilidade de extinguir a linha porque os trabalhadores da região precisam do transporte.

GM pede ajuda da população

A Guarda Municipal garante que tem intensificado ações para inibir delitos no transporte coletivo e que operações contra fura-catracas continuarão sendo deflagradas nas próximas semanas. Além disso, a instituição aumentou seu efetivo em estações-tubo e terminais nos horários de maior movimento.

No entanto, a GM solicita que casos referentes ao tráfico de drogas sejam comunicados pela população pelos telefones 181 (Disque-denúncia da Segurança Pública) e 153 (Guarda Municipal). A ligação pode ser anônima.

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