Com o fim de ano chegando, muita gente vem descobrindo nos sebos uma alternativa para descolar opções de presentes diferenciados e, principalmente, mais baratos. Livros, discos de vinil, material escolar, brinquedos e itens de coleção – alguns raros e outros fora de catálogo – têm impulsionado as vendas com a proximidade do Natal.
Em Curitiba, algumas lojas já começaram a perceber a diferença no movimento ou têm previsão de aumentar as vendas nas próximas semanas. No Sebomania Toys, que fica no bairro São Francisco, os livros infantis pedidos pelas escolas fazem aumentar em até 60% as vendas na loja nessa época do ano. “Muitos pais querem antecipar a compra e apostam nos livros usados. Livros da Coleção Vaga-Lume, por exemplo, que novos custam entre R$ 35 e R$ 40, no sebo sai entre R$ 10 e R$ 30, dependendo do estado do material”, conta Sávio Luiz Prado, gerente da loja.
Leia mais: Ladrões roubam kits de Natal de igreja e comunidade se une para conseguir doações
Os livros infanto-juvenis chegam a custar 80% menos nos sebos, segundo Prado. Ele conta que pessoas de todas as classes e idades visitam a loja em busca de artigos usados, inclusive muitos turistas. Brinquedos, peças colecionáveis e itens do universo geek e nerd, como super-heróis e bonecos, também vendem bem.
No sebo Só Ler, da Rua José Loureiro, no Centro, a expectativa é aumentar as vendas na semana que antecede o Natal. De acordo com a vendedora Francieli Andrade, o que mais tem procura são os itens para presente, como livros, copos, canecas e bonecos de heróis – a maioria usados. Na loja da Rua Presidente Faria, também no Centro, a maioria das compras é para presentear alguém. “De cada 10 pessoas que vêm aqui, 8 compram algo para dar de presente”, revela a atendente Caroline Araújo.
Veja também: Litoral do PR terá wi-fi gratuito e app para localizar postos de guarda-vidas
Ela conta que a loja está mais movimentada desde novembro. “As escolas pedem lista de material, e muitos são caros. Aí as mães já começam a pesquisar desde cedo nos sebos. Como muitas vezes há poucas unidades de alguns livros, quem chegar primeiro, leva”, diz. Ela revela que mesmo comprando itens de segunda mão as pessoas sempre pedem um desconto. “Elas sabem que o produto já está mais barato e ainda assim querem economizar de qualquer jeito”, afirma.
Reação lenta
No Sebo Releituras, que fica perto da Catedral Metropolitana, as vendas ainda não começaram a esquentar, o que deve ocorrer mais próximo do Natal. Segundo Marco Aurélio Nimitz Rocha, proprietário do local, nessa época do ano o movimento cresce em torno de 15%. “Tem gente que redescobriu o livro usado como item mais barato, mas ainda está devagar. Esse mês está começando uma pequena reação, comparado com o mês anterior, mas está bem aquém do em anos anteriores”, lamenta o lojista, que viu o movimento cair 50% em relação a outras temporadas.
Itens como vinil, literatura estrangeira e carrinhos colecionáveis saem muito bem, segundo Rocha. Como presentes de amigo secreto, ele explica que as escolhas do público são bastante variadas e peculiares: livros de culinária, filosofia e até de sociologia.
No sebo Fígaro, que fica na Lamenha Lins, a expectativa é que, com o 13.° salário e as férias de fim de ano, o pessoal se anime para comprar, principalmente discos de vinil, os chamados “bolachões”, que são o carro-chefe da loja – respondem por 30% das vendas. “Quem compra é um pessoal que procura dar um presente diferente, que fuja do óbvio no fim do ano”, explica o proprietário, Paulo José da Costa. Segundo ele, discos de MPB, rock, blues e jazz são os mais procurados.
As vendas, segundo Costa, crescem 10% no período do Natal, mas o público do sebo geralmente é mais fiel, ou seja, são pessoas que normalmente já costumam comprar itens usados e que não têm preconceito com esse tipo de produto. “O sebo tem o seu público fiel, mas tem muita gente que não gosta de livro usado”, diz o comerciante.
Fora de catálogo
No Joaquim Livraria, que fica na Rua Alfredo Bufren, próximo à Universidade Federal do Paraná, o movimento, segundo o dono, Marcos Duarte, continua igual. No entanto, no fim de ano as vendas também aumentam em 10% – tanto para livros novos quanto para usados. O que deve puxar esse aumento são as vendas de títulos fora de catálogo, aqueles que já foram retirados das prateleiras das livrarias.
Adair Francisco Bogo, um dos proprietários da Livraria Papirus Sebo, conta que para economizar ainda mais nas compras, as pessoas estão trocando o frete pela busca do produto diretamente na loja. “Antigamente as pessoas ligavam e pediam para entregar em casa. Hoje elas ligam, reservam o produto e vêm buscar aqui. Com isso economizam até R$ 20 com motoboy ou correio”, explica. Segundo ele, o comércio de livros em sebos caiu muito nos últimos anos, mesmo com os preços mais em conta do que a média do mercado.