Os cerca de 220 lojistas do Polloshop Alto da XV, em Curitiba, estão se mobilizando para não deixarem o espaço fechar. Um grupo com mais de 100 pessoas já procurou orientações com advogados e estuda fazer uma proposta direta aos donos do imóvel para que a locação das lojas não precise passar pelos atuais administradores e locatários do espaço. Atualmente, os lojistas são sublocatários.
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Na última segunda-feira (20), a empresa que administra o centro comercial pegou os lojistas de surpresa ao emitir nota informando o fechamento do Polloshop por causa de disputa judicial pelo valor do aluguel do imóvel. A empresa alega que os proprietários não aceitam revisão de valores há três anos. Com a crise do coronavírus, a administração do shopping diz que não tem como arcar com o aluguel. Mas os lojistas contestam a informação e dizem que vão lutar para manter os empregos de seus funcionários.
Segundo o empresário Julio César Augusto, 40 anos, dono de um loja de eletrônicos, o Polloshop é um local movimentado e não dá prejuízo a ponto de não haver recursos para pagamento de aluguel. Para ele, os lojistas estão no meio de uma disputa administrativa e não é justo que sofram as consequências pelo desentendimento comercial.
A forma como os lojistas ficaram sabendo da decisão de fechamento do Polloshop também não agradou. “A nota vazou antes de sermos oficialmente avisados”, reclama.
Julio César diz que os lojistas estão vivendo um momento de organização para a crise do coronavírus. O objetivo é não demitir funcionários, e para isso, não devem entregar as lojas sob a pressão da atual administração. “Temos compromissos. Como os shoppings estão todos fechados na pandemia, há funcionários de férias e outros recebendo salário pelos planos do governo. Não vamos simplesmente entregar as lojas sem que haja entendimento entre as partes. Não parece justo para ninguém”, argumenta o lojista.
Distrato
Ainda de acordo com o lojista, a administração atual pede para os lojistas assinarem um distrato para poderem retirar os estoques. “Eles dizem que temos 30 dias para retirar o estoque. Mas eu e outros não vamos assinar rescisão de contrato porque temos a esperança de não fechar. Vamos aguardar as orientações dos advogados”, explica.
Os lojistas informaram que o ponto comercial no Polloshop é um dos mais caros de Curitiba. O metro quadrado de uma loja no local, no bairro Alto da XV, custa cerca de R$ 650, enquanto outros shoppings cobram, em média, R$ 450 o metro quadrado. Mesmo assim, segundo eles, não há prejuízo nas lojas.”E não há reclamação, que a gente saiba, de lojista que não consegue pagar o aluguel do PolloShop por falta de movimento de clientes”, argumenta Julio César Augusto.
Outro lojista do setor de moda plus size, Sidnei Ferreira da Silva, 46 anos, também confirma que o Polloshop é um ponto bom para o comércio. Ele questiona o motivo do fechamento. “Creio que seja mesmo uma pura disputa de interesses. Nós lojistas já estamos passando por um momento complicado, organizando as finanças e a vida dos funcionários. Fomos pegos de surpresa e as coisas não devem ser feitas dessa forma. Vamos aguardar se é possível chegar a um acordo direto com os proprietários do imóvel”, comenta.
De acordo com nota divulgada pelos administradores do Polloshop segunda-feira, não houve mais acordo entre os representantes dos lojistas e os proprietários do imóvel com relação aos valores do aluguel.
“O Polloshop está sobre um imóvel de terceiros que, não só não aceitaram renegociar uma redução no valor na renovação do contrato, como ainda pediram aumento do aluguel do imóvel, obrigando a administração do shopping a entrar com uma ação revisional, que se arrasta na justiça há quase três anos”, diz a nota.
Ainda segundo os empresários, uma nova tentativa de negociação foi feita recentemente, já após as medidas de isolamento social terem sido adotadas no Paraná. “Com a crise estabelecida pelo surto da Covid-19, que determinou o fechamento dos shoppings e a suspensão dos pagamentos por parte dos lojistas, a administração do empreendimento ficou impossibilitada de arcar com o alto valor do aluguel do imóvel. Mais uma vez, foi pedida a redução dos valores ou a opção para os proprietários do imóvel assumirem a operação do shopping para preservar o interesse dos lojistas, mesmo com prejuízo dos sócios do empreendimento, mas não houve acordo”, aponta a administração do Polloshop.
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