A procura de Luciano Chiaramonti por ondas desafiadoras para surfar pelo mundo era um reflexo do que buscava em vida: não cair na zona de conforto e sempre buscar mudanças que o instigassem. Essa filosofia englobava não apenas o esporte, mas também os negócios. Empreendedor nato, idealizou estabelecimentos do ramo gastronômico e do entretenimento que trouxeram conceitos inovadores ao Paraná e Santa Catarina.
Luciano morreu aos 47 anos, em fevereiro deste ano, após intensa batalha contra o câncer. A descoberta da doença poucos dias antes de seu casamento e a determinação em seguir em frente com os sonhos que construiu refletiam seu jeito de encarar os acontecimentos. Desde muito jovem, logo após terminar o curso de economia, que concluiu na Universidade Federal do Paraná, buscou a descoberta de seus talentos por meio de viagens. Passou dois anos morando e trabalhando na Austrália.
Do país, e também dos passeios que aproveitou para fazer no sudeste asiático, guardava ideias para restaurantes que mais tarde abriria. Acompanhar de perto a rotina dos estabelecimentos, desde a cozinha até o método de atendimento, fazia parte do estudo prático realizado por ele para perceber o que daria certo no Brasil.
O restaurante com inspiração australiana Aussie, um dos primeiros negócios de Luciano no retorno ao Brasil, é lembrado até hoje pelos momentos especiais vividos pelos clientes no local, como pedidos de casamento e comemorações. Além disso, as peculiaridades culturais trazidas por ele também chamavam a atenção dos frequentadores, como a controversa carne de canguru, importada do país oceânico.
Combinando com o nicho de negócio que escolheu, era sociável e aberto aos amigos. Para muitos, inclusive para o irmão e parceiro de empreitadas, Cristiano, serviu como uma espécie de professor, pois aprendia novas habilidades rapidamente e gostava de repassá-las a quem fosse próximo e tivesse interesse.
Mesmo dedicado ao trabalho, sempre que tinha possibilidade perseguia suas ondas preferidas – gostava das grandes e tubulares, aquelas cuja curvatura se fecha sobre o surfista e se quebram de forma abrupta – em diferentes países, como Peru, Indonésia, Haiti e México, este último uma das viagens mais marcantes de sua vida. A preferência por esse tipo de onda e certa semelhança física levaram-no a ser chamado Mike Parsons, notório atleta californiano que Luciano conheceu durante uma competição em Ubatuba (SP).
O gosto pelo esporte começou nas frequentes idas da família a praias paranaenses. Luciano e o irmão brincavam de pegar onda desde antes dos dez anos de idade, com uma corriqueira prancha de isopor. O apoio do pai à liberdade dos filhos, não só em relação à praia, mas ao fato de se deixar jogar no mundo, contribuiu para que se dedicassem e amassem a prática. Na juventude, com o amigo Ricardo Voigt, passou a explorar redutos do surfe de Santa Catarina. Daí em diante, o mundo foi para ele um mar onde caçava novas descobertas. Deixa a esposa, Jaqueline.
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