| Foto: Arquivo da família/

Se o garoto humilde de Colombo (PR) que, aos nove anos, carregava bolsas com tacos de golfe para os jogadores do Graciosa Country Club imaginava que um dia ele mesmo estaria em campos como aqueles como competidor, é impossível saber. Fato é que o sonho existia e que essa transformação se realizou mais de trinta anos depois. O menino, e depois golfista, era Luiz Antônio do Nascimento, que faleceu em outubro, aos 40 anos.

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A atração pelo esporte pode ter começado na infância – e seguido com o passar dos anos pela televisão, meio que ele e o irmão, Luiz Augusto do Nascimento, acompanhavam os torneios da pouca divulgada prática esportiva – mas foi na vida adulta que ela começou a se concretizar de fato. Após ganhar uma bolsa de tacos em uma das casas em que estava trabalhando como pintor, Luiz Augusto passou a jogar com o irmão em clubes que permitiam a prática mediante uma espécie de aluguel por dia. No começo era por brincadeira, mas logo os treinos ficaram mais sérios e os dois passaram a juntar dinheiro para comprar o título de um clube de campo para poderem jogar livremente.

A batalha deu certo. Em 2015, os dois conseguiram adquirir títulos do Santa Mônica Clube de Campo. Ao oficializar o ingresso, estavam tão apressados para o primeiro jogo que deixaram o tour para conhecer as instalações do clube para mais tarde. A vontade de jogar era tão grande em Luiz que ganhou um pedaço do espaço ocupado por outra paixão antiga: o futebol. Torcedor coxa-branca e atleta de final de semana, começou a dar lugar aos treinos de golfe em horários antes dedicados à bola. Apesar disso, os dois esportes dividiam bem o coração de Luiz Antônio, que sempre que podia participava das peladas entre amigos.

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Os dois “Luizes”, apesar dos quatro anos de diferença na idade – Augusto era o mais velho – eram inseparáveis desde pequenos, época em que Antônio ganhou o apelido que acompanharia por toda a vida: Prego. A explicação é que o pai, que trabalhava em obras e estava desentortando pregos, ficou irritado com o filho que ficava o tempo todo ao redor dele fazendo bagunça e, de brincadeira, fingiu que dava uma martelada nele, como se fosse um prego.

Com a chegada da vida adulta, os irmãos se juntaram também nos negócios. Ambos pintores, firmaram sociedade nesse trabalho. Passaram a maior parte da vida lado a lado, primeiro dividindo a mesma casa e as brincadeiras, em conjunto com os outros três irmãos, depois a empresa de pintura, em que trabalharam por dias, noites e finais de semana em busca de uma vida melhor, e por fim o terreno onde moravam.

Quem os conhecia se surpreendia com o fato de dois irmãos se darem tão bem e nunca brigarem. Mesmo que se diga que quando duas pessoas são muito amigas se tornam irmãs, Luiz Antônio e Luiz Augusto inverteram a lógica e transformaram a fraternidade em uma sólida e rara amizade. Extrovertido e piadista, Luiz Antônio partiu de surpresa – ninguém espera que uma parada cardíaca vitime alguém tão ativo e jovem – levando uma conquista de poucos: realizou seu sonho de infância. Deixa uma filha.