A procura por máscaras cirúrgicas aumentou tanto em Curitiba desde o surgimento dos primeiros casos de coronavírus na China, em meados de janeiro, que o produto praticamente desapareceu das prateleiras das farmácias da capital. Nesta quarta-feira (26), com a confirmação do primeiro caso no Brasil – um senhor de 61 anos de São Paulo que retornou da Itália há poucos dias -, nem as distribuidoras de produtos médicos deram conta de atender a tantos pedidos.
Não há previsão de reposição das máscaras, principalmente as do modelo mais comum. A correria da população atrás do material, entretanto, não faz sentido neste momento. Já o álcool gel ainda é encontrado nas farmácias.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) assegura que não há necessidade de se fazer uso indiscriminado de máscaras médicas. O alerta da entidade é para que a população faça a higiene correta das mãos para evitar contaminações em geral como gripes comuns.
Uma farmácia de rede no bairro Alto da XV não vendia máscaras até duas semanas atrás. Quando decidiu vender o produto, pela demanda gerada pelo coronavírus, vendeu tudo de uma vez. Nesta quarta, o estoque zerou. “Não era um produto vendido pela unidade. Nesta quarta, depois do primeiro caso confirmado em São Paulo, muita gente comprou e já não há mais máscaras em estoque”, conta a farmacêutica Aline Bulla, 37 anos.
Também nesta quarta, em outra farmácia, no Centro, um cliente comprou todo o estoque de máscaras e de álcool gel. “Já pedimos reposição dos dois produtos para o nosso centro de distribuição. A informação é de que ainda há estoque e o produto deve estar disponível na loja amanhã [quinta]. A procura aumentou muito”, aponta gerente da loja, Jéssica Luana Horochowski, 27 anos.
O mesmo comportamento foi percebido nos consumidores de farmácias de duas outras redes. “Muita gente veio buscar álcool gel e máscaras depois que apareceram os primeiros casos suspeitos. Inclusive, clientes compraram muito do álcool gel daquele vasilhame maior. Hoje, depois da confirmação do caso de São Paulo, houve novo aumento na procura. Mas ainda temos um pouco em estoque”, informa a farmacêutica Rafaela Chaves, 29 anos, de uma loja no bairro Cristo Rei.
Já a farmacêutica Camila Cavalcante, 25 anos, de outra farmácia no Centro de Curitiba, disse que não tem mais máscaras nem no distribuidor. “Acabou e não tem previsão de entrega”, revela.
Lojas de equipamentos médicos
O fim do estoque de máscaras cirúrgicas não atinge só as farmácias de Curitiba. Empresas especializadas em artigos e equipamentos hospitalares também sentem o impacto do coronavírus no estoque do produto.
“Vendemos todas as máscaras médicas e temos muito pouco das máscaras respiradoras. A procura aumentou bastante”, afirma a vendedora Débora Rodrigues, da Poli Sani – Produtos Médicos e Hospitalares.
O mesmo ocorreu com a Hospinet Produtos Hospitalares. De acordo com o setor de vendas, nesta quarta as compras praticamente giraram em torno de máscaras e álcool gel. Somente um cliente chegou a encomendar milhões de máscaras, mas não há previsão de entrega.
Já a Victória Régia Materiais Médicos informa que um dos motivos da escassez pode ser a exportação do produto para a China. Como muitos fabricantes brasileiros estão enviando o material direto para o país epicentro da doença, o produto falta no mercado brasileiro. Na Victória Régia, por exemplo, já não há mais máscaras há duas semanas.
Alerta da OMS
Em vez do uso das máscaras, o alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) é para que a população faça a higiene correta das mãos para evitar não só coronavírus, mas contaminações em geral, como gripes, por exemplo.
Segundo a OMS, pessoas que não apresentam sintomas da doença ou que não tiveram contato com infectados só devem usar máscara se forem atender alguém com suspeita de contaminação. Quem esteve com pacientes suspeitos e apresentar sintomas como tosses e espirros deve utilizar as máscaras para evitar a propagação. Em situações como essa, é necessário procurar um serviço de saúde.
A OMS adverte que o uso das máscaras somente é eficaz se combinado com medidas de higiene, como a lavagem frequente das mãos com água e sabão ou a desinfecção com álcool gel.
Como prevenir o coronavírus
Lavar as mãos com frequência, ou utilizar álcool 70%, principalmente antes de consumir algum alimento.
Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir.
Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca, higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas.
Manter ambientes bem ventilados, evitar contato próximo com pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença.
Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
Pessoas com sintomas de infecção respiratória aguda devem praticar etiqueta respiratória (cobrir a boca e nariz ao tossir e espirrar, preferencialmente com lenços descartáveis e após lavar as mãos).