Mesmo após uma série de homicídios contra motoristas de apps como Uber, Cabify e 99 em Curitiba, a adesão da categoria às manifestações marcadas para esta terça-feira (15) foi baixa. Pela manhã, cerca de dez condutores compareceram ao protesto no Centro de Curitiba, quantidade que se repetiu durante a tarde na Assembleia Legislativa.
Inicialmente, a categoria convocou centenas de motoristas para um ato às 10h na Câmara de Vereadores, mas a manifestação foi transferida para 11h30 em frente à sede da Uber, na Alameda Doutor Carlos de Carvalho. “Decidimos acompanhar antes o sepultamento do nosso colega Valmir Nichel, morto no último domingo (13), vítima da violência”, explicou Arnaldo Milki, representante dos condutores.
O corpo do motorista citado estava desaparecido desde sábado (12) e foi encontrado no Rio Iguaçu, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Antes dele, o corpo de Ricardo Gonçalves Habitzreuter também foi encontrado às margens da Represa do Passaúna, em Araucária, em abril.
Em forma de homenagem, os motoristas seguiram até o Centro da cidade somente após o sepultamento de Valmir e estacionaram seus veículos em uma das faixas Alameda Doutor Carlos de Carvalho por cerca de 30 minutos. Eles realizaram um buzinaço na tentativa de chamar a atenção da empresa, mas não foram recebidos pela companhia. Mesmo com uma das faixas bloqueadas, não houve registro de lentidão no local.
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Mais tarde, às 14h30, o grupo de aproximadamente dez motoristas se reuniu novamente na Assembleia Legislativa do Paraná, no Centro Cívico. Ali, eles estacionaram os carros nos arredores, sem complicar o trânsito da região, e entraram no plenário para acompanhar a sessão e buscar apoio de deputados. “Trouxemos um Termo de Compromisso para que eles assinassem, prometendo montar uma comissão para discutir a questão de segurança dos aplicativos. Conseguimos onze assinaturas e o assunto ainda entrará em debate na sessão desta quarta-feira(16)”, comemorou Milki.
Para o motorista Samuel Sarote, 38, ainda que a adesão tenha sido pequena, o resultado foi significativo. “Todo meio de protesto é válido, pois estamos aqui para representar os colegas que estão na rua”, afirmou o motorista que trabalha com os aplicativos Uber, Ecodrivers, Cabify e 99.
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Já o colega Mauro de Souza, 48, acredita que, se mais colegas tivessem participado, o saldo teria sido ainda melhor. “Eu fiquei sabendo e um grupo de segurança, então, assim como eu, centenas de motoristas estavam cientes do protesto. Realmente achei que vinha mais gente”, disse o colaborador da empresa 99.
Reivindicações
Entre as exigências apontadas pelos motoristas está de mais dados do usuário, como reconhecimento facial e biometria. “Isso evita que uma pessoa má intencionada utilize o aplicativo de outra forma, para cometer um crime, e ainda dá ao motorista as informações a respeito de quem ele vai colocar dentro de seu carro”, explicou o motorista Joel Oliveira Santos, 36 anos. Além disso, os condutores pedem a instalação de câmeras e de um botão de pânico em cada veículo que notifique automaticamente a empresa responsável, as forças policiais e os órgãos de inteligência do governo.
Em entrevista coletiva nesta segunda - após outro protesto realizado pelos motoristas -, o secretário de Segurança Pública Júlio Reis afirmou que esses pedidos serão analisados junto às empresas. No entanto, ao serem procuradas pela reportagem na segunda, as três principais companhias de mobilidade que atuam em Curitiba - 99, Cabify e Uber - não foram específicas a respeito de novidades para cuidar da segurança de motoristas parceiros.
Apenas a 99 afirmou estar estudando a possibilidade de uso de tecnologias como botão de pânico, reconhecimento facial e biometria. A Cabify e a Uber, enquanto isso, não se manifestaram diretamente sobre essas funcionalidades, apenas reiteraram as ferramentas de proteção que já existem em seus aplicativos e afirmam estar em constante desenvolvimento.
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