Principal reivindicação de motoristas e cobradores de ônibus para conter a onda de violência que assolou o transporte público de Curitiba em 2017, a instalação das câmeras de segurança não estão garantidas nos 450 novos ônibus anunciados pelo prefeito Rafael Greca (PMN) — mesmo com a presença dos equipamentos nos veículos sendo lei municipal desde 2011. A Urbs, gestora do sistema em Curitiba, afirma apenas que vai avaliar a possibilidade de colocar as câmeras nos novos veículos, sem cravar se já existe ou não um estudo sobre a implantação.
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Com a instalação determinada pela lei municipal 13.885/2011, o uso das câmeras foi definido como principal ação para conter a onda de roubos e arrastões nos ônibus em reunião da Urbs e a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), que administra as linhas intermunicipais, com o secretário estadual de Segurança Pública, Wagner Mesquita, em setembro. Entretanto, com a indefinição da Urbs sobre a instalação das câmeras, a principal medida apontada pela Sesp para evitar a violência no transporte público segue sem data de entrar em prática na capital - nas linhas intermunicipais as câmeras já estão sendo testadas.
Na reunião de setembro, Mesquita chegou a cobrar celeridade da Comec e da Urbs para levar os equipamentos para dentro dos ônibus. Após a reunião, a Polícia Militar passou a fazer batidas em ônibus, terminais e estações-tubo.
Na semana passada, um motorista foi esfaqueado durante um arrastão na linha Higienópolis, no cruzamento das ruas Ubaldino do Amaral e Marechal Deodoro, no Centro de Curitiba. Mas o ápice da violência no transporte público em Curitiba foram o assassinato de um cobrador e uma passageira. Dia 1º de setembro, um cobrador de 25 anos da linha Gramados foi alvejado por dois tiros no bairro Campo Raso, em Curitiba. Dia 23 de setembro, uma passageira de 24 anos morreu em um tiroteio entre ladrões e um policial militar da reserva durante um arrastão na linha Curitiba/Campo Magro, na região metropolitana. Junto com a passageira, um dos ladrões também morreu. Ambos os casos se juntam a uma série de outros casos de violência nos ônibus.
Para o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), as câmeras seriam fundamentais na resolução mais rápida dos crimes e mesmo para inibir a ação dos ladrões. Entretanto, a Urbs afirmou recentemente não ter dinheiro para instalar os equipamentos , que estão vinculados justamente à renovação da frota, que está prestes a sair do papel após acordo entre a prefeitura de Curitiba e o Sindicato das Empresas de Ônibus (Setransp).
O Sindimoc afirma estar avaliando a ausência dos equipamentos de gravação na renovação da frota. O sindicato também diz que solicitou um parecer da Urbs sobre as razões que levaram a organização a não incluir as câmeras no processo de compra dos novos veículos.
Assédio sexual
Além de assaltos, as câmaras também seriam fundamentais na investigação e mesmo inibição de crimes sexuais cometidos nos ônibus, segundo a delegada Sâmia Coser, titular da Delegacia da Mulher em Curitiba. Com as imagens das câmeras, afirma a delegada, haveria provas incontestáveis de que o assédio aconteceu. Mas, como o equipamento ainda não existe nos coletivos da capital, o melhor meio de fazer com que o agressor seja punido é denunciar o ato na hora, mantendo-o dentro do veículo até a chegada das Guarda Municipal ou da Polícia Militar.“Com a imagem, é possível ter provas cabais, incontestáveis, de que o crime aconteceu, de que o autor tinha fins lascivos, sim”, ressaltou a delegada em entrevista à Gazeta em outubro.
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