Moradores de Pinhais bloquearam por alguns momentos duas pistas sentido Pinhais da Rodovia João Leopoldo Jacomel (PR-415), principal via de acesso ao município da região metropolitana de Curitiba, por volta das 18h desta sexta-feira (30). Os manifestantes protestaram contra a morte do menino Alexsandro Riquelme, de 11 anos, que foi atropelado na via no último dia 23, após um motorista furar o sinal. Os moradores pediam mais segurança no trânsito, com a instalação de equipamentos para redução de velocidade no local.
De acordo com os manifestantes, é comum que motoristas furem o sinal naquele ponto, que fica no bairro Maria Antonieta, colocando em risco toda a comunidade. O protesto reuniu dezenas de pessoas, incluindo muitas mulheres e crianças — sendo boa parte alunos de escolas do outro lado da via, onde Riquelme também estudava. Os manifestantes chegaram a se deitar na pista, mesmo sob chuva. A Polícia Rodoviária Estadual acompanhou o protesto, auxiliando no bloqueio. Não foram registrados tumultos ou confusões.
Leia também: Obras causam novo desvio na Linha Verde neste sábado
Tragédia anunciada
O garoto atropelado, que estava acompanhado da avó, foi pego por um carro em cima da faixa de pedestres. O veículo furou o sinal vermelho, segundo testemunhas. O menino acabou falecendo no hospital em decorrência dos ferimentos, gerando comoção extrema entre toda a vizinhança. Os moradores da região do Maria Antonieta e do Jardim Triângulo, que fica entre o Expotrade Convention Center e o Parque das Águas, às margens da rodovia, dizem que depois da duplicação da João Leopoldo Jacomel os veículos trafegam em maior velocidade e os acidentes aumentaram.
“A gente não vai parar de fazer protesto enquanto não tiver mudança. Nós queremos um radar e uma lombada elevada aqui”, explica Tatiane Sperber, 32 anos, mãe de um estudante de oito anos da mesma escola do menino que morreu. Tatiane explica que não deixa o filho atravessar a rua sem companhia, justamente pela frequência alta com que carros passam no semáforo vermelho. No entanto, até adultos estão sujeitos aos riscos do local.
A mãe de Tatiane, Maria de Fátima Sperber, de 55 anos, também já passou por situações de sufoco no trecho. “Eu vendo pães e bolos, uso um carrinho para levá-los pelo bairro. Um dia o sinal ficou verde e fui atravessar, mas quando cheguei na metade da via ele fechou. Fiquei parada na calçada esperando abrir de novo, mas quase fui levada por um carro — minha sorte foi que outra moça me empurrou”, narra a senhora.
O semáforo naquele ponto, próximo do número 9192 da rodovia, só passou a existir depois das obras de ampliação da Leopoldo Jacomel. A intenção de facilitar a travessia era boa, mas a imprudência de quem dirige pela região acabou transformando a sinalização em vilã.
Outros colegas de Riquelme também já confiaram no sinal de pedestres e quase foram vítimas de acidentes. É o caso do menino Kauã de Lima, de 10 anos. “Eu já tive que puxar o Kauã pela camiseta pra ele não ser atropelado por um carro que furou o sinal”, lembra a mãe do estudante, Claudete de Lima. Segundo ela, a região está tão perigosa que parou de cruzar a rodovia andando: “Eu prefiro pegar o carro e levar o dobro de tempo para entregar o Kauã na escola do que correr qualquer risco”.
Resposta aos moradores
O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) divulgou nota em que diz lamentar a morte da criança e a imprudência de motoristas que trafegam em excesso de velocidade no trecho após as obras de duplicação. “A PR-415 está devidamente sinalizada com indicação dos limites de velocidade (de 60 km/h e 70 km/h)”, afirma um trecho da nota.
Segundo o órgão, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) realiza ações de fiscalização com frequência no trecho, com radares móveis, bafômetros e abordagens para verificação de documentos. Além disso, de acordo com o DER-PR, o departamento e a PRE estudam em conjunto a implantação de radares fixos na PR-415.