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Praça “Francisco Todo”, no Juvevê,  deve dar lugar a nova sede da Upes | Marco Charneski/Tribuna do Parana
Praça “Francisco Todo”, no Juvevê, deve dar lugar a nova sede da Upes| Foto: Marco Charneski/Tribuna do Parana

Moradores do bairro Juvevê, em Curitiba, estão em pé de guerra por causa de um terreno na esquina entre as ruas Marechal Mallet e Manoel Eufrásio. O espaço pertence à União Paranaense dos Estudantes (Upes), porém, nos últimos 14 anos - em meio a brigas judiciais que envolvem até mesmo o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin - , foi adaptado e vinha sendo utilizado como uma praça pelos vizinhos. Agora, após a morte do idoso que tomava conta do local, os estudantes decidiram reaver o endereço, mas os moradores temem que o grupo tire o sossego das redondezas em um caso que já foi parar até nas mãos da Polícia Militar (PM) .

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O impasse começou há pouco mais de duas semanas, quando a Upes usou material recebido como doação do acampamento de apoio ao ex-presidente Lula para isolar o terreno, doado ao grupo na década de 1940 e onde deve ser erguida a nova sede da entidade. Como os tapumes continham frases a favor do petista, os vizinhos demoliram os compensados, achando que se tratava de um novo conglomerado de manifestação política na cidade.

Na mesma semana, a Upes voltou ao terreno para o ensaio de sua escola de samba. Alegando perturbação de sossego, os vizinhos reclamaram e o caso foi parar na PM, que registrou um termo circunstanciado. Em mais uma baixa contra os estudantes, a prefeitura passou pela “praça” na última quarta-feira (28) e recolheu o restante dos tapumes e materiais de construção largados para trás pelos estudantes.

“Nós ganhamos de parceiros cerca de R$ 5 mil em materiais de construção para reerguer a sede. Por isso decidimos fechar o terreno com os tapumes que ganhamos, para resguardar os materiais ganhados. Com a retirada dos tapumes no dia seguinte, tivemos um prejuízo de R$ 3 mil”, disse Wellington Tiago, presidente da Upes.

A entidade recebeu o terreno como doação na década de 1940 e, por muito tempo, o convívio com os vizinhos da região foi harmônico. Os enroscos começaram no fim dos anos 1990, quando um antigo presidente da Upes vendeu ilegalmente o terreno. A terra só foi devolvida aos estudantes depois da mobilização que ficou conhecido como o “Acampamento dos 100 dias”. Na ocasião, o advogado que defendeu os interesses da Upes era o atual ministro do STF Edson Fachin.

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De lá para cá, um imóvel de Upes chegou a ser construído, mas pegou fogo em 2012. Até hoje, ninguém sabe se foi acidental ou criminoso. O fato é que a praça, chamada de Francisco Toda, em homenagem ao morador que iniciou o projeto de recuperação do terreno então abandonado, caiu no gosto da comunidade.

Terreno já chegou a abrigar um imóvel da Upes, que pegou fogo em 2012Marco Charneski/Tribuna do Parana

Medo de transtornos

Por isso, o receio dos moradores é não só que a praça vire um ponto de muita movimentação de jovens, mas que eles também não possam mais frequentar a área.

Além de flores e árvores , a comunidade colocou bancos e até mesmo balanços para crianças no local. “Já estou aposentado, então encontrei algo com que ocupar minha mente. Era gostoso conversar com as pessoas, ouvir os elogios e os parabéns das pessoas pelo zelo, pela iniciativa de continuar cuidando do espaço”, lamentou Valdomiro Zamodzke, 71 anos, um dos aposentados que até então tomava conta do terreno.

A Upes, porém, disse que o projeto da sede dos estudantes deverá contemplar um jardinete com bancos e iluminação que será de uso compartilhado com todos os vizinhos.

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