A revitalização do entorno do Terminal do Guadalupe, anunciada terça-feira (11) pela prefeitura de Curitiba, deve melhorar as condições de uma das áreas mais degradadas do Centro de Curitiba. Pelo projeto, o Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, ao lado do terminal de ônibus intermunicipais, será transformado em um polo de turismo religioso, com terminais turísticos, estacionamento e shopping. Entretanto, comerciantes e usuários do terminal só acreditam que a área será realmente revitalizada se houver reforço no policiamento da região. Essa é a opinião de quem convive diariamente com assaltos, tráfico e consumo de drogas, prostituição e ameaças de moradores em situação de rua.
IMAGENS: confira o projeto de revitalização do Guadalupe
“O melhor mesmo seria policiamento. O comércio às vezes sente falta de ver policiais andando por aqui. E sem segurança, é normal que as pessoas sintam medo”, avalia Leandro Lauermann, de 39 anos, funcionário de uma loja de venda de cabelos ao lado do santuário.
Arlindo Messias Rodrigues, de 63 anos, é ambulante credenciado e trabalha na Rua João Negrão, em frente ao Santuário, há 15 anos. Ele recebeu com boas perspectivas a notícia do projeto, mas também avalia que reforço no policiamento é essencial para mudar o perfil da região.
O vendedor, que já foi assaltado três vezes no ponto, acredita que mais policiamento no entorno seria importante para garantir a segurança de quem transita ou trabalha por ali e fomentar as vendas no comércio local. “Se isso acontecer vai ser muito bom. A gente não tem segurança. É muito morador de rua e eles ficam rondando o tempo todo. Quem vê que eles estão aqui não chega”, relata.
Moradores de rua
Para quem mora ou trabalha na região, os moradores em situação de rua não são sinônimos de perigo. No entanto, a grande rotatividade de pessoas nessas condições exige mais cuidado, avalia a voluntária do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe Olívia Dias, de 65 anos. Ela conta que já chegou a ser ameaçada por um dos moradores em situação de rua que circulam pela região e também critica a falta de respeito deles com o espaço de uma maneira geral. “Eles não respeitam o espaço da igreja, usam a cerca de varal. Mas não é só isso. Dá muita pena de ver eles nessa situação, sem amparo. Eles não deveriam estar aí”.
Outro ponto que coage quem passa por ali é o tráfico de drogas. Recepcionista em um hotel na região, Fabrício Guimarães, de 27 anos, aponta o consumo de entorpecentes, principalmente à noite, como um dos gargalos da área do Guadalupe. Por isso, ele se mostrou cético em relação aos benefícios que uma possível revitalização poderia trazer. “Acho que não vai mudar muita coisa. A droga circula muito facilmente por aqui e só deixar mais bonito não vai mudar essa situação”.
Segurança é consequência das melhorias, diz Ippuc
Apesar do que dizem os frequentadores da região, instalar postos ou módulos policiais ainda não faz parte dos planos para o local. Conforme o presidente do Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Reginaldo Reinert, é a própria revitalização que deve tornar a região mais segura. “No momento em que você requalifica o espaço e permite a interação de pessoas, isso sozinho já aumenta a questão da segurança”, diz.
Para Reinert, a região hoje atrai o tráfico e moradores de rua porque não há movimento durante a noite, devido ao fechamento do comércio, do santuário e do terminal. A ideia é que, com a praça elevada, o estacionamento e o novo espaço para comércio, o local seja ocupado pela população por mais tempo, o que diminuiria a insegurança.
Mesmo que a aposta seja na ocupação do espaço público como medida de segurança, a assessoria de imprensa Guarda Municipal diz que também há intenção de intensificar a atuação no local após a revitalização. Isso deve ocorrer com aumento de patrulhamentos com viaturas, motos e a pé. A instalação de um módulo da Guarda Municipal, porém, ainda não foi discutida.
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