Motociclistas – trânsito na Linha Verde pista sentido São Paulo.| Foto: Rodrigo Cunha/Tribuna do Paraná
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Motociclistas e seus passageiros foram as principais vítimas fatais no trânsito de Curitiba no ano de 2021, segundo o relatório do Programa Vida no Trânsito (PVT). Das 168 mortes ocorridas nas ruas e avenidas da capital, 76 foram registradas em ocupantes de motocicletas. Este cenário já foi verificado entre os anos de 2016 e 2018, quando os pedestres deixaram de ser maioria entre os mortos no trânsito, e voltou a se repetir a partir de 2020.

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Para a superintendente de Trânsito de Curitiba, Rosângela Battistella, uma das explicações para esta mudança pode estar no comportamento dos curitibanos durante a pandemia. Por causa das restrições de mobilidade impostas durante os períodos de isolamento social, houve um aumento no uso dos serviços de entrega, baseados em sua maioria nas motocicletas.

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Pandemia levou ao aumento de motos nas ruas de Curitiba

Em 2019, antes da pandemia, Curitiba registrou 164 mortes no trânsito. Já em 2020 esse número aumentou para 179. “Imaginávamos que as pessoas não estavam praticamente saindo de casa. Mas, na realidade, aumentou sim o número de mortes no trânsito, em especial o de motociclistas. Isso porque durante a pandemia aumentou o volume de entregas na cidade, todo mundo pedia tudo por delivery, e as motos se proliferaram em Curitiba”, avaliou a superintendente.

Segundo Rosângela, ações educativas e de fiscalização, além da colocação de equipamentos como radares de velocidade, colaboraram na queda geral dos números de vítimas fatais no trânsito de Curitiba. Mas, entre os ocupantes de motocicletas, os números seguem subindo, e estavam em 2021 nos mesmos patamares de 2013.

Motociclistas se envolveram em metade das ocorrências com morte no trânsito

Na última década, 2011 foi o ano onde foi registrado o maior número de mortes entre os ocupantes de motocicletas em Curitiba. Naquele ano, 97 pessoas perderam a vida em sinistros de trânsito - 38% do total de mortes. Os números vieram em queda até 2015, quando foram registrados 56 óbitos. Entre os anos de 2016 e 2018 as mortes de motociclistas oscilaram entre 61 e 69 casos. O ano com menor índice de mortes entre esse público foi em 2019, com 53 registros. Desde então os casos seguem aumentando.

As motos estavam presentes em 5 dos 10 tipos de sinistro que mais levaram a vítimas fatais no trânsito em 2021. As colisões entre motos e carros foram os registros mais frequentes entre aqueles que levaram a óbitos – 28 ocorrências, 17,3% do total. Um a cada quatro ocupantes de motocicletas estavam em excesso de velocidade no momento do sinistro que levou à morte. E em metade das ocorrências fatais onde foi confirmada a combinação álcool e direção, os condutores eram motociclistas – 12 casos em um total de 23.

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“Vamos aumentar a fiscalização”, avisou a superintendente. “Sentimos que não somente na área urbana, mas também nas rodovias que cruzam a cidade, e que, portanto, pertencem à área urbana, temos tido sinistros cuja origem é a combinação de álcool e direção. A ideia é intensificar as ações, inclusive com mais etilômetros, justamente para identificar quem são esses condutores que dirigem sob efeito do álcool”, disse Rosângela.

Ampliação das "motocaixas"

Além de mais fiscalização, a superintendente explicou que deve ser ampliado na cidade o número de "motocaixas", as áreas de espera para as motocicletas nos semáforos em uso na capital desde 2018. A medida foi a alternativa encontrada pela Setran para contornar a falta de espaço nas vias para a implantação de faixas exclusivas para motocicletas, já em uso em outras cidades do país.

“Curitiba não comporta, não tem ambientes como em São Paulo, com vias tão largas. Ainda é uma experiência por lá, um projeto piloto na 23 de Maio. Aqui nós já olhamos e vimos que não é possível fazer, por restrições técnicas. Para isso ser viável, teriam que ser estreitadas as vias veiculares, e isso não é possível nesse momento”, explicou Rosângela.