Os motoristas e cobradores de Curitiba suspenderam na tarde desta terça-feira (12) as paralisações programadas para os próximos dias. Depois de parar a circulação de ônibus na capital durante três dias, o sindicato que representa a categoria decidiu interromper os atos sob a alegação de que os trabalhadores estavam recebendo ameaças de desconto de salário e demissão por parte das empresas.
As paralisações foram programadas na semana passada e deveriam parar de centenas de linhas diariamente em protesto contra o aumento da violência no transporte público. “Como se não bastasse o ladrão, agora tem o patrão colocando a faca no pescoço dos trabalhadores”, critica o presidente o Sindimoc, Anderson Teixeira.
Para ele, a categoria já estava em pânico por causa dos assaltos e esse temor se intensificou com as ameaças de descontos e demissões. “Não queremos prejudicar o trabalhador, então convocamos os diretores do sindicato para uma reunião hoje”, diz. Teixera conta que alguns funcionários enviaram fotos de um edital divulgado por uma empresa que pedia a compensação das horas paradas durante os protestos, o que motivou a preocupação generalizada. Segundo ele, o sindicato vai entrar na Justiça para impedir os descontos.
“Os ônibus não vão mais parar, mas nós continuamos mobilizados. As assembleias também deixarão de ser assembleias para se tornarem uma conversa na porta das empresas para convidar os trabalhadores. Não vai atrasar os ônibus pela manhã, igual ocorreu hoje”, afirma o presidente do Sindimoc.
Para o Setransp, que representa as empresas de ônibus, a decisão do Sindimoc é uma “saída honrosa dessa arapuca em que se meteu, representada por paralisações diárias, longo período e com consequentes prejuízos à população e ao comércio”. Sobre as acusações de ameaça de demissão, a Setransp fiz que a afirmação é “tão óbvia quanto falsa” e que as empresas se solidarizam com motoristas e cobradores que são vítimas de crimes.
Paralisações
Iniciado no último dia 4 de setembro, o ato fez vários ônibus pararem de circular por uma hora e complicou a vida de passageiros principalmente na região central. Nesta terça-feira, a manifestação estava programada para acontecer às 15h na região Sul da cidade, mas o sindicato anunciou o fim da mobilização antes que os ônibus parassem.
A proposta do Sindimoc era que essas paralisações acontecessem diariamente até o dia 19. Com a decisão de encerrar os protestos, os ônibus voltam a circular normalmente. No entanto, o ato do dia 20 continua valendo e o sindicato anunciou que vai focar seus esforços para mobilizar os trabalhadores a participarem desse protesto, que também deve parar os ônibus de Curitiba. “Vamos focar o dia 20. Chamar os usuários, os trabalhadores e promover um grande ato, que sensibilize as autoridades para esse problema que hoje afeta 1,5 milhão de pessoas na nossa região”, afirma Teixeira.
Reivindicações
Mesmo com o fim das paralisações, o Sindimoc destaca que continua com suas principais reivindicações, com destaque para instalação de câmeras de segurança com monitoramento online 24 horas, integrado aos órgãos de segurança pública. A ideia é seguir os moldes do que outras capitais, como Porto Alegre e Belo Horizonte já fazem. Na Região Metropolitana de Curitiba, a Comec já começou a testar as câmeras em algumas linhas.
Segundo a Setransp, três empresas demonstraram interesse em instalar os equipamentos nos veículos e que o assunto segue sendo avaliado. Outras alternativas, como a integração do botão do pânico com centros de controle da Guarda Municipal e da Polícia Militar, também estão sendo estudadas.
Os profissionais ainda pedem a criação de uma delegacia especializada em crimes no transporte coletivo e que a Guarda Municipal disponibilize mais viaturas para cuidar com exclusividade do patrulhamento de ônibus.
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