| Foto: Fotos Públicas/Allan White

Áudios falando sobre tentativas de raptos de crianças vêm colocando pais e mães em pânico. Nos últimos dias, um desses alertas voltou a aparecer em grupos de WhatsApp informando casos ocorridos em cidades da Região Metropolitana de Curitiba. No entanto, ao contrário da grande maioria das mensagens do tipo que surgem no aplicativo, o caso é verdadeiro.

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Tudo aconteceu no último dia 25, quando a empresária Angélica Breda parou em um semáforo da BR-116 no bairro Atuba, em Curitiba. Ela seguia em direção a Quatro Barras, na região metropolitana, quando um carro parou do lado e um homem desceu e tentou abrir a porta de trás do automóvel, onde estava a cadeirinha infantil. “Ele tentou abrir a porta, mas como estava travada, não conseguiu. Mas chegou a chacoalhar o carro, tentando forçar a maçaneta”, conta a mãe.

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A filha de Angélica não estava dentro do veículo, mas ela diz acreditar que a abordagem foi feita com o intuito de tirar a criança de dentro do veículo. Como o carro tinha vidros com película escura e a própria cadeirinha não deixa claro para quem vê de fora se há alguém ali ou não, o homem tentou entrar no carro de qualquer forma.

A mãe conta que buzinou exageradamente para chamar atenção de outras pessoas, furou o sinal vermelho e seguiu viagem pela BR. O veículo do qual o suspeito continuou logo atrás por mais alguns quilômetros até seguir em direção à estrada de acesso a Pinhais e Colombo.

A empresária lembra que, apavorada, a primeira coisa que conseguiu pensar em fazer foi gravar um áudio num grupo de moradores e comerciantes de Quatro Barras contando o que houve. Ela descreve o suspeito como um homem alto, vestindo camisa preta, só que não conseguiu ver o rosto dele.

Angélica tentou fazer boletim de ocorrência no 4º Distrito Policial (DP), no Boa Vista, na tarde de sexta-feira (28). Mas foi informada que o registro deve ser feito na delegacia da área onde ocorreu o crime; neste caso, o 5º DP, no Bacacheri.

Entre o boato e a verdade

Depois que foi abordada pelos suspeitos, ela soube de outros três casos de supostas tentativas de raptos de crianças na região. Teriam sido no Bairro Alto, Pinhais e Quatro Barras, ou seja, regiões norte e leste da Grande Curitiba.

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A situação de Quatro Barras não é verdadeira, segundo a Polícia Civil. O boato falava de um casal de coreanos, que vendia jaquetas de couro e tentou aliciar uma criança no portão de casa com doces, enquanto a menina brincava no jardim. De acordo com o áudio, o casal foi abordado pela Guarda Municipal e levado à delegacia.

Pedro Milsted, superintendente da delegacia de Quatro Barras, esclareceu o caso. Ele relatou que havia na cidade um casal vendendo jaquetas de couro, salames e outros produtos de porta em porta. Porém são brasileiros e estavam apenas trabalhando. “Chegaram a falar que era um casal de coreanos num Cross Fox preto. Mas a GM foi prontamente atrás, encontrou o casal, num Uno branco, e vimos que era mal-entendido mesmo”, disse.

Outros áudios

Dos outros dois casos que Angélica ficou sabendo, um deles foi em Pinhais. No áudio de WhatsApp, a mãe se identifica como Priscila, moradora do bairro Emiliano Perneta, e o que aconteceu com ela foi na Avenida Maringá, próximo ao que ela descreve como Portal da Serra. Só não é possível identificar pelo áudio quando isto aconteceu.

Apesar de a gravação parecer bem real, a reportagem não conseguiu localizar esta mãe para se certificar da veracidade. As Polícias Civil e Militar da cidade também não confirmam nenhum registro deste tipo nos últimos dias. A outra tentativa de rapto teria acontecido no Bairro Alto, na capital, mas também sem indícios concretos da ocorrência. A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Núcleo de Repressão a Crianças e Adolescentes Vítimas de Crimes (Nucria), Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) e Grupo Tigre (especializado em resgate de reféns em sequestros) também não confirmam o registro de ocorrências deste gênero.

O Sicride informou que tem conhecimento informal de alguns áudios e informações, de supostos casos de raptos de crianças em Curitiba e região metropolitana, porém ninguém deu queixa formalmente na delegacia. “A Polícia Civil alerta que há muitas pessoas com as mais variadas intenções, veiculando ilações e versões completamente desprovidas de fundamento e em via de regra são prontamente assimiladas pela população e familiares de desaparecidos, iludindo-os e fazendo-os se confundir ainda mais”, diz a nota divulgada pelo Sicride.

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