Dois roubos no mesmo dia. Essa foi a situação enfrentada no último sábado (20) pelo cobrador de ônibus Jhonatan Martins Alberti, de 25 anos, em Curitiba. Alberti, que foi esfaqueado durante um assalto na linha Curitiba/Campo Largo, no bairro Mossunguê, acabou também tendo o carro furtado enquanto recebia atendimento no Hospital Evangélico, no Bigorrilho.
Ferido após reagir ao assalto por volta das 19h, o cobrador chegou ao hospital às 20h. Com cortes no braço esquerdo e no ombro direito, passou cerca de quatro horas recebendo atendimento, acompanhado de parentes, até receber alta. Foi tempo suficiente para que o carro da família, estacionado em frente ao Evangélico, fosse roubado, deixando mãe, tia, primo e o próprio Jhonatan perplexos. “Nós não acreditamos.O carro era do meu primo, mas a família toda, que foi me acompanhar no hospital, dependia do veículo para voltar pra casa”, conta o cobrador, que mora em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba.
Para retornar para casa, os quatro tiveram de apelar para uma carona com uma parente que mora nas proximidades do hospital. “Mas meu primo ficou desesperado, porque há uns dois meses ele já tinha sido assaltado, e os ladrões levaram R$ 5 mil. É muito crime em muito pouco tempo”, reclama. O carro, um Gol ano 1995, não tinha seguro e até a manhã desta segunda-feira (21) não havia sido recuperado pela polícia.
Com relação ao assalto no ônibus, Alberti conta que não foi a primeira vez. “Trabalho há seis anos como cobrador e já fui assaltado outras duas vezes. Ali você trabalha já esperando que isso vá acontecer. Temos que lidar com isso todos os dias, com medo”, explica o funcionário do coletivo, que desta vez reagiu sem querer quando o ladrão colocou uma faca em seu peito.
O cobrador chegou a conseguir empurrar o assaltante para fora do ônibus, mas explica que a partir de agora vai tentar ficar mais calmo quando situações assim acontecerem. Isso porque a experiência de correr risco de vida ele não quer mais: “Provavelmente aconteça de novo, mas eu vou entregar todo o dinheiro sem nem pensar”. O assaltante levou R$ 100 do caixa do ônibus, valor que será reembolsado pela empresa de ônibus.
Sobre a solução para a criminalidade nos ônibus, Alberti acredita que a instalação de câmeras de vigilância já ajudaria muito. “Assim, pelo menos o próprio assaltante pensaria duas vezes antes de fazer qualquer coisa. e também facilitaria o trabalho da polícia para encontrar o criminoso”, opina o cobrador, que acha a situação da segurança na cidade revoltante: “E o pior é que está assim por toda parte em Curitiba e região, sem segurança”.
Criminalidade nos ônibus
Além do esfaqueamento deste sábado (21), diversos casos de crimes nos ônibus de Curitiba e da Região Metropolitana têm acontecido. Outros casos recentes incluem o cobrador que já foi assaltado 76 vezes e o motorista morto durante um arrastão no coletivo.
Por causa dessas situações, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) chegou a promover um protesto pela segurança nos coletivos, no fim de julho. Desde então, porém, a única medida prática para garantir a segurança dos motoristas e cobradores até agora foi o lançamento de uma campanha da Polícia Civil e da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), que colocou cartazes no transporte para incentivar o registro de Boletins de Ocorrência.
Colaborou: Cecília Tümler