Planejar um casamento não é tarefa simples — mas, mais difícil ainda é conseguir o dinheiro para a festa ou a viagem dos sonhos dos noivos. E, no caso de dois casais de Curitiba, a forma de driblar essa dificuldade foi vendendo doces nas ruas da cidade, onde os quatro conseguiram não apenas um bom dinheiro fruto do trabalho, mas presentes inusitados e doações generosas. E a primeira cerimônia vai ser justamente neste sábado (13), depois de o casal ter passado mais de um ano vendendo.
“Nós tínhamos o sonho de casar, mas não sabíamos por onde começar para conseguir o dinheiro. Depois de pesquisar alternativas, decidimos vender trufas. Começamos em agosto de 2017”, conta Braian Trindade, de 25 anos, que decidiu adaptar o conselho da madrinha de vender doces no sinaleiro. Depois de passar por cerca de 10 cidades diferentes vendendo em festas de romaria, Braian e sua noiva, Letícia Cardoso, de 23 anos, voltaram para a capital em junho. Desde então, têm vendido as trufas nos arredores da Rua XV de Novembro.
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A saga de vendas do casal provou que a fama de antipatia do curitibano não se cumpre quando se trata de casamento. “Fora o que conseguimos com as vendas, nós ganhamos serviço de foto e vídeo, maquiagem, o carro que vai levar a noiva e até mesmo um milheiro de tijolo, para ajudar na construção da nossa casa”, lista o noivo. Para Braian, a compaixão do povo da cidade tem a ver com o propósito da venda, que conquistou a população.
Para deixar claro o motivo principal do trabalho, os noivos capricharam na apresentação. Além de uma placa explicando a intenção de casar, Letícia usa véu e vestido branco, e Braian usa traje social. Juntos há 10 anos, os dois se conheceram em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana, e trabalhavam em uma banca de camelô de Curitiba, mas o comércio estava fraco. A decisão de mudar o estilo de vendas veio quando calcularam que precisariam de R$ 20 mil para a festa e mais R$ 50 mil para construir a casa.
Inspiração
A história dos dois é inspiração para outro casal, Giovani Pereira, de 23 anos,e Laís de Oliveira, de 19, que estão no início do noivado mas já perceberam a força das vendas nas ruas. “Começamos a vender espetinhos de marshmallow no dia 2 de outubro, em um semáforo na região do Tarumã”, diz Giovani, que é barbeiro mas passou algumas semanas desempregado - o que o deixou disponível para vender todos os dias.
Em menos de duas semanas, os noivos recentes conseguiram uma média de 60 espetinhos por dia, ao valor de R$ 5 cada. O objetivo é conseguir R$ 4 mil até dezembro, quando o casal planeja fazer o casamento no cartório e uma cerimônia pequena. “Mas a nossa prioridade é fazer uma viagem de lua de mel. Estamos pensando em ir para Florianópolis”, explica.
Apesar do pouco tempo de vendas, Laís e Giovani também já receberam presentes - incluindo uma doação de R$ 100 de recém-casados que viram o esforço dos dois. “Eles tinham acabado de se casar e se identificaram com a nossa história e vontade de casar, e sabiam como é difícil”, conta o noivo. As boas ações às vezes também vêm acompanhadas de brincadeiras dos curitibanos sobre o casamento, mas eles afirmam que o bom humor faz parte. “Quem tem vontade de casar sabe que precisa ter força para enfrentar os desafios do dia a dia, e essa etapa de conseguir fazer a cerimônia acontecer é um bom jeito de treinar para isso”, brinca o noivo.
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