Curitiba terá nesta quinta-feira (28) a sétima faixa exclusiva para ônibus de transporte público. O novo trecho se estende por 750 m ao longo das ruas Amintas de Barros eAlfredo Bufren no Centro, no trecho entre as ruas Presidente Faria, ao lado da Praça Santos Andrade, e a General Carneiro, na altura da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Projetado para diminuir o tempo de viagem das 13 linhas que passam pela região, a faixa já é alvo de contestação dos comerciantes locais, que reclamam dos problemas que serão gerados com o fim dos estacionamentos e das áreas de embarque e desembarque das vias.
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De acordo com a prefeitura, a mudança vai beneficiar 41 mil passageiros dos ônibus que circulam por ali. Nas primeiras duas semanas, haverá orientação diária de agentes da Superintendência Municipal de Trânsito (Setran), mas multas para motoristas que trafegarem pela faixa restrita só começarão a ser aplicadas em 11 de abril.
Como as anteriores, a mudança faz parte de um projeto que pretende dar mais agilidade ao transporte público e, dessa forma, atrair mais passageiros para o sistema – que até 2018 vinha registrando queda sequente de usuários.
"A demanda das mudanças é da Urbs, que gerencia o transporte coletivo em Curitiba. Ela demanda algumas ruas para que a gente estude a possibilidade de implantar as faixas e, dentro desse estudo, verificamos todas as possibilidades", explica Rosangela Maria Battistella, superintendente municipal de Trânsito. "Essa faixa vai encurtar o tempo de percurso dos ônibus que passam por ali e isso traz mais qualidade para o transporte", completa.
Vagas
Apesar de as multas para motoristas que avançarem pela faixa exclusiva não estarem valendo neste primeiro momento, o mesmo não ocorre com quem parar o carro nas antigas vagas de estacionamento da via. Para implementar a faixa sem criar um gargalo no trânsito da região, a prefeitura precisou banir os espaços rotativos de estacionamento tanto na Afredo Bufren como na Amintas de Barros, medida que tem causado indignação entre os comerciantes.
Gerente de um hotel na Rua Amintas de Barros próximo à esquina com a rua Tibagi, Luciano Freitas, 52 anos, diz ainda não ter encontrado uma solução para um serviço essencial do estabelecimento: o embarque e desembarque de hóspedes. Até setembro de 2018, o hotel disponibilizava uma área de remanso para os clientes, mas ficou dependente das vagas da rua depois que a Urbs determinou a extinção do recuo. Agora, sem o estacionamento público, o gerente teme uma perda no faturamento.
"Essa mudança foi num estalar de dedos. Quando fomos questionar, falaram que o problema é do hotel arrumar uma solução. Só que os meus hóspedes não vão considerar isso. O táxi não vai parar aqui na frente para ser multado. Vou ficar sem hóspede. E a prefeitura, que vive de imposto, não vai mais recolher imposto. Foi um tiro no pé", avalia o gerente, que disse que o estabelecimento não foi procurado pela prefeitura para uma conversa antes da mudança.
A uma quadra dali, Carlos Alan, 34 anos, proprietário de uma distribuidora de bebidas em frente à Praça Santos Andrade, também reclama. Segundo conta, a prefeitura não levou em conta a necessidade de manter uma área de desembarque de mercadorias na via, que abriga diversos pontos comerciais.
"Eu recebo todo dia cargas com 100, 150 galões de 20 litros de água. Dependendo de onde a empresa encontrar estacionamento, eu não posso recolher os produtos. Sinceramente, não sei como vai ser. Fecho as portas? Qual empresa vai querer puxar os produtos de não sei quantas quadras aqui para mim?", reclamou.
Alan também reiterou o fato de a prefeitura não ter feito uma reunião com os donos dos estabelecimentos antes de implantar a mudança. Segundo ele, algumas alternativas – como o recuo da calçada para uma área de embarque e desembarque – já foram discutidas entre ele e os vizinhos, mas sequer foram ouvidas pela administração municipal. "Eles nem isso ouviram da gente. Só falaram que não pode parar nenhuma hora, nem de madrugada".
Em um minimercado ao lado da distribuidora, o entregador Paulo Cesar Costa, 45, sustentava a mesma consternação. "É uma palhaçada", reclamava enquanto levava frangos em um carrinho para o estabelecimento. Antes, era só parar com o caminhão em frente à loja e descer a mercadoria. Hoje, a única solução encontrada foi parar o veículo na Praça Tiradentes - a uma distância aproximada de 700 metros – e puxar os produtos aos poucos.
Segundo a Setran, possíveis melhorias no trecho não estão fora de discussão. Para os comerciantes, a criação de um recuo na calçada poderá ser estudada, caso os técnicos admitam viabilidade. Mas ainda não é garantia. "De qualquer forma, na universidade, ao lado direito, tem justamente um espaço para carga e descarga que pode ser utilizado", respondeu a superintendente de Trânsito.
Quanto ao hotel, a pasta informou que já está buscando uma forma de viabilizar a parada de ônibus de excursão em frente ao estabelecimento, mas que a parada de veículos menores deverá ser de responsabilidade do próprio hotel.
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