O motivo do assassinato do adolescente Matheus Hoepers, de 17 anos, ocorrido em 1.º de outubro de 2010, no bairro Uberaba, em Curitiba, não foi oficialmente esclarecido até hoje. Mas um dos acusados do crime vai a júri popular principalmente por causa dos esforços da mãe do garoto.
O julgamento deveria começar na última segunda-feira (11), mas foi adiado para o próximo mês de abril. Contudo, para a engenheira florestal Célia Maria Maia, o tribunal é apenas mais um capítulo dessa história que já dura nove anos. Ao longo de todo esse período, ela busca a verdade sobre a morte de seu filho e diz esperar que o acusado aponte os outros participantes do crime.
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A mãe conta que cansou de ir à Delegacia de Homicídios — que, três dias depois do assassinato, sequer tinha um mero registro da morte do rapaz — e perguntar como andavam as investigações. Como estava sempre tudo parado, ela mesma resolveu correr atrás de provas. Perguntou para um e para outro nas redondezas do local do crime, sem conseguir nada. Então espalhou cartazes pela cidade com a foto do filho e pedindo que qualquer pessoa que soubesse de qualquer detalhe que entrasse em contato com ela.
As faixas despertaram a atenção da imprensa e, claro, chacoalhou os brios da polícia, que resolveu investigar. Logo surgiu a filmagem de uma câmera de segurança que gravou o assassinato de Matheus. Mas a qualidade era ruim e não foi possível constatar a placa do carro que abordou o rapaz, uma Ecosport preta.
No decorrer da investigação, quatro pessoas foram apontadas como suspeitas e denunciadas pelo Ministério Público, contudo o juiz só acatou denúncia contra uma, contra quem haveria provas mais robustas. Um júri chegou a ser marcado para agosto do ano passado. Mas por Célia ter passado muito mal no dia, foi reagendado.
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Célia espera que o júri sirva para quea história chegue a um fim. “Que país é esse onde uma pessoa mata a outra e continua à solta, levando uma vida igual a todo mundo? Que vida mansa pra um assassino, não é?”, diz Célia, indignada. “Hoje eu queria estar indo na formatura de mestrado do meu guri. Ele estaria com 25 anos. Mas estou aqui, num Tribunal do Júri”, desabafa.
O assassinato de Matheus
No dia do crime, uma sexta-feira, Matheus seguia para a aula de música com seu baixo. Ele andava pela calçada da Rua Dona Saza Lattes, no Uberaba, quando uma Ecosport passou por ele. Um dos integrantes desceu e tentou empurrá-lo para dentro do carro. Como não conseguiu, o carro deu a volta no fim da quadra, voltou até Matheus e um dos integrantes atirou no adolescente.
O jovem chegou a ser socorrido com vida pelo Siate, mas morreu no dia seguinte no hospital. Ele tinha intenção de ser músico. Tanto que já tinha feito inscrição no vestibular para Engenharia Sonora da UFPR e Música na FAAP.
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