O novo comandante-geral da Polícia Militar do Paraná (PM), coronel Péricles de Matos, afirmou nesta terça-feira (8) que Curitiba é uma das capitais mais seguras do país. A declaração foi dada antes da solenidade que o oficializou no mais alto cargo da corporação. Na cerimônia, o coronel também disse que, ao contrário de outras polícias do Brasil, a PM paranaense não tem uma imagem ligada à violência.
Em entrevista aos jornalistas antes da posse, o coronel destacou que a inteligência por trás do sistema 190 da PM forma um banco de dados que permite antecipar a ocorrência de crimes e, assim, conter os índices de criminalidade na capital. “Nossas decisões são antecipadas, mas o crime possui uma coisa chamada tectonismo e plasticidade. Ou seja, quando aplicamos o policiamento em um bairro de Curitiba, aquele que opta pela delinquência vai para outro local que não tem policiamento. Mesmo assim nós conseguimos antecipar as ações de modo que hoje, especificamente, Curitiba é uma das capitais mais seguras do Brasil”, declarou o novo comandante.
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Apesar da declaração do coronel Péricles, os índices de violência na capital paranaense seguem em situação preocupante. De janeiro a setembro de 2018, a cidade registrou 238 casos de homicídios. Além disso, o novo comandante terá a responsabilidade de tentar contornar problemas que assolam Curitiba e região metropolitana nos últimos anos, como a onda de assaltos e arrastões a ônibus do transporte público (em 2018, até outubro, foram 224); assaltos a redes de supermercados; explosões de bancos (na madrugada desta terça, houve mais um caso em Colombo); assaltos e assassinatos de motoristas de aplicativos; fora os furtos e assaltos no comércio e a residência, que, além de prejuízos, têm mudado a rotina de comerciantes.
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PM bem-quista
Sobre a suspeita de que policiais militares tenham participado do incêndio de barracos em dezembro na Vila Corbélia, na CIC, após o assassinato de um PM, o novo comandante nega que a corporação tenha um perfil violento. À época, a PM afirmou que o incêndio foi uma ação do crime organizado para atrapalhar o trabalho da Polícia Militar. Entretanto, a própria Corregedoria da Polícia Militar identificou e afastou dois PMs que foram flagrados à paisana atirando contra casas na vila pouco antes do incêndio.
Antes, em outubro de 2018, moradores do bairro Cajuru protestaram dois dias depredando e incendiando ônibus contra um susposto abuso da PM. A manifestação ocorreu após a morte de Ruhan Luiz Machado, de 20 anos, em um suposto confronto com a polícia. A família do rapaz, entretanto, afirma que ele não tinha envolvimento com o crime e que teria sido executado pela PM com cinco tiros na cabeça. Já os policiais disseram que ele estava em um grupo que reagiu à abordagem policial.
“Talvez essa imagem de violência seja nacional, mas não corresponde com a imagem do Paraná. A polícia do Paraná é extremamente bem-quista pela sua população”, completou.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná, Curitiba foi o município paranaense com mais casos de mortes decorrentes de intervenção policial em 2017, com 43 mortes, seguido de São José dos Pinhais, com 12, e Londrina, com 11.